quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Casamento (?) II
domingo, 2 de setembro de 2007
“Síndrome do Fantástico”... “p’ra não dizer que não falei das flores”...
“Vem, vamos embora, que espera não é saber/
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
(Geraldo Vandré)
Esta semana recebi um convite para visitar um material construído naquele sítio virtual a qual a ex-princesa do pseudo-fenômeno (Ronaldo) processou por colocar um vídeo de uma “affair” íntimo com seu namorado numa praia européia...
Mas, nem a modelo, nem o fenômeno, nem o vídeo... Minha epígrafe, penso, sinaliza que minhas pretensões temáticas de hoje são outras...
O material em questão tratava-se de uma apresentação, daquelas do estilo “power point”, tendo a música de Geraldo como fundo musical e uma série de cenas (fotos) que nos levavam a possíveis reflexões sobre o poder, a guerra, a miséria, a pobreza, a riqueza etc., temas que, inclusive, já me arrisquei por estas andanças.
Mas duas coisas me chamaram a atenção nesta visita a aquele sítio e de maneira significativamente contraditória: a primeira foi a quantidade de material com a música “p’ra não dizer que não falei das flores” (uma das primeiras que aprendi a tocar no violão), cerca de 300 apresentações; a segunda, as diversas opiniões sobre os diversos materiais.
Refletindo sobre a segunda, fiquei impressionado com a amplitude de opiniões sobre apresentações diversas: “poderia usar fotos melhores, mais atuais”, “precisamos fazer acontecer”, “nós estamos cada vez mais acomodados”, “ai!, que saudade do tempo da ditadura” e por aí vai... Mas, mesmo eu não tendo muita paciência em ler uma a uma das reflexões sobre cada apresentação (especificamente aquelas no estilo “power point”), não identifiquei nenhuma que fosse a fundo no tema que, em princípio, a canção poderia – ou deveria – instigar.
Por outro lado, a quantidade de apresentações construídas com a canção de Geraldo Vandré me levava a outras veredas: quantos ainda escutam, cantam, re-cantam e, em temos de linguagem digital e globalização virtual, utilizam esta bela canção como pano de fundo? Minhas reflexões me levavam também a incontável quantidade de mensagens, também em “power point” com outra celebre (mas não tão completa) canção: “Imagine”, de John Lennon.
Mas, já que recebi aquele convite, gostaria de resgatar uma das estrofes daquela canção que, em todas as apresentações que assisti (cerca de 6 ou 7), não recebeu o sentido e significado merecido – assim como outras tantas: “Os amores na mente, as flores no chão/ A certeza na frente, a história na mão”. Seguir caminhando em nossa constante luta, entendendo-a como aquilo que nos faz coletivo, que nos faz históricos e, nas palavras de Anton Mararenko, que nos constrói como novos homens e mulheres, é algo que se completa com nossos amores... Lutar, sem amar, talvez não seja tão significativo. Todas as histórias que li e escutei de lutadores e lutadores que tombaram lutando tinham, evidentemente, a história em suas mãos, mas também seus amores, um(a) companheiro(a), seus filhos, sua família...
Assim, e ainda na linha de minha opção crítica em relação aos que “cansaram”, parece-me que a luta ainda necessita, na busca de seu sentido e significado, que tenhamos a história na mão e o amor, o verdadeiro amor, no coração... eis o caminho dos lutadores do povo que conheci e que não conheci.
Viva nossa história que, mesmo no seio de uma cruel ditadura (e já marco meu tema da semana que vem), nos oportunizou compositores e canções como essa... E que, principalmente aos que continuam resistindo, que esta canção continue tocando nossos corações, como bem possivelmente Vandré o quis.
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira
P.S.: Aos amigos Alexandre e Ana Maria, que essa nova escola na Venezuela continue construindo as fantásticas pessoas que vocês são.
P.S.2: minhas palavras estão aí, refletindo uma pequena parte de minhas reflexões... Se as utilizar, lembra-se de mim, ok?
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Trilha - Caminho e Caminhar
''Quando não houver caminho
mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
é caminhando que se faz o caminho''
(Titãs)
... E há caminhos de pedra, de pó e de asfalto. Há trilhas dinâmicas e trilhas contemplativas. Há momentos de seguir, momentos de parar, momentos de refletir. Esse fim de semana recebi um convite para cachoeiras Indaiá, um complexo de quedas d'água próximo ao município de Formosa/GO. Depois de muito rodar, chegamos à conclusão que nos havíamos perdido. Tarde demais, quase onze da manhã e sessenta quilômetros distante do caminho correto. Estávamos no rumo de Salto do Itiquira.
Para quem não conhece o Salto do Itiquira, é igualmente no município de Formosa, mas com infraestrutura turística, banheiros, restaurantes, trilhas sobre caminhos de pedras, enfim nada em comum com Indaiá, trilha talhada na mata, sem qualquer infra. Itiquira é aquela coisa para turista ver. Era assim que me lembrava dela. Ora, a última vez que estivera lá foi há anos. Não era o passeio que havia imaginado, mas como sou dada ao improviso, recebi o imprevisto com coração aberto. O que fazer quando todos os seus planos de domingo vão por água abaixo e você está há cento e quinze quilômetros de casa?
Ingressamos, depois de pagar dez reais por pessoa só para entrar, num parque em que era defeso portar comidas ou bebidas. Tudo bem, faz parte do passeio, pensei. O importante é curtir o dia maravilhoso, sentir a natureza e divertir-se muito com os filhotes e os amigos.
De repente fui entrando num mundo mágico, descortinou-se diante de mim uma paisagem exuberante e serena da qual não me lembrava. Árvores altíssimas, som de águas, céu azul. Pássaros por todos os lados e o caminho de pedra, previamente proposto. Lembrei-me de um diálogo entre Dora e Josué, no filme Central do Brasil. Ela explicava a ele que andar de ônibus é mais seguro, pois este tem caminho certo, ao contrário do outro que pode desviar-se. Eu estava num ônibus. Havia caminho certo para chegar à cachoeira. Caminho feito, trilha certa, determinada.
Ainda assim, trilhas são ótimas oportunidades de aprendizado. Seja quando são selvagens, seja quando são para turistas, mesmo que acidentais. As selvagens nos fazem refletir e construir o caminho, observar cada passo, cada escolha, cada decisão. As certas nos proporcionam o supremo prazer de olhar. Sim! Olhar, simplesmente observar tudo em torno, sem a preocupação de pensar por onde ir, onde pisar. Elas nos permitem o ócio. Ambas nos ensinam a viver o presente, o aqui e o agora.
No caso de Itiquira, já não me lembrava. Itiquira é pura contemplação. É exercício inequívoco do ócio. Oportunidade para fazer vibrar o silêncio interior e internalizar os sons do presente, os sons da natureza em nós. Casa folha, cada gota d'água, cada pássaro. Impossível descrever com perfeição a beleza do lugar. A energia do céu emoldurado pelas rochas, pelas matas e pela cachoeira. O caminho parecia mágico. Caminho de pedra e pó, em cuja rudeza tantas vezes antes caminhei.
Itiquira é a suprema e bela chance de silenciar e escutar-se, ao tempo em que se ouve os sussuros do vento nas folhas. É tempo de permitir acariciar pela brisa fresca da mata, sentir-se envolver pelas gotículas de água do imenso véu de noiva. É a vida, feita de silêncios, forjada em sons. Momento de parar, calar, permitir falar o espírito e ouvir a voz do coração. Momento macunaímico de ode ao ócio. Tempo de flutuar.
Assim, no domingo improvisei uma estrada, criei um caminho onde menos esperava, onde o caminho já estava. Talvez onde mais queria, talvez o que mais desejava.
''Preciso suar para conseguir relaxar, não gosto de trilhas turísticas'' (LC, no domingo)
''Este lugar me lembra concepção, afeto, saudade'' (C, domingo)
Maria Cláudia Cabral
Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê créditos à autora.
Caminhos:
Cachoeiras Indaiá
www.eco.tur.br/ecoguias/planalto/ecopontos/cachoeiras/indaia.htm
Formosa
http://www.eco.tur.br/ecoguias/planalto/roteiros/formosa.htm
Salto do Itiquira
http://www.eco.tur.br/ecoguias/planalto/ecopontos/cachoeiras/itiquira.htm
Central do Brasil
http://www.centraldobrasil.com.br/front.htm
domingo, 26 de agosto de 2007
“Síndrome do Fantástico”... meu convite...
Depois de duas pequenas viagens pessoais, em universos próprios (dia dos pais, S. Ardigam, Pernambuco, os “pais da Rua de Baixo”), mas sempre atento aquilo que nos move no dia-a-dia e que também vinha sendo o pano de fundo central de minhas reflexões mais anteriores (os valores da humanidade – ou mulharanidade), venho apresentar-lhes um pequeno texto, fantástico, profundo, atualíssimo (mesmo que escrito no início do século passado) e que, no mínimo, contribuirá com reflexões que todos nós, bem possivelmente, estamos fazendo ultimamente, muito ou não.
Mas, como ninguém fala de lugar nenhum, o micro-tempo-espaço desta reflexão tem, dentre outros, o seguinte acontecimento: Sexta-feira, 17 de agosto. Após sua passagem e manifestação ao “Ato Público do Cansei”, a apresentadora Hebe Camargo “se enfia no carro e é cercada por uma fã, que implora a atenção da apresentadora. Indiferente ao apelo, o segurança limpa o capô antes de partir” (Carta Capital nº 459, página 21).
Eis minha lembrança literária:
“- Nós somos revolucionários e assim seremos enquanto houver alguns que apenas mandam e outros que apenas trabalham. (...) A propriedade exige um esforço demasiado grande para se defender e, na realidade, vós todos (...) sois mais escravos do que nós; a vós, escravisaram-vos o espírito; a nós, o corpo. Não conseguireis libertar-vos do julgo dos preconceitos e dos hábitos que vos matam moralmente; a nós, nada nos impede de sermos interiormente livres. (...) Arrancastes o homem da vida e esmagaste-lo; o socialismo unirá o mundo destruído por vós num único todo grandioso”.
Há quase exatos 100 anos, Máximo Gorki, em sua obra “A Mãe”, convidava-nos a sermos revolucionários... Há quase exatos 100 anos, sua obra, mesmo que mea-ficção, parece-nos absolutamente atual e real.
Eu não cansei! E convido-os a não cederem à impressão de fadiga social que a imprensa, a mídia atual e seus coronéis da comunicação procuram ecoar em horários nobres ou não... Convido-os a serem revolucionários!
Marcelo “Russo” Ferreira
Ps: O Livro “A mãe” está reeditado na íntegra pela Editora “Expressão Popular”, além de inúmeras obras fantásticas... eu recomendo. Ah! E não se esqueça: se usar essas meias e esquisitas palavras por aí, divida o crédito comigo, tá?
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
...Se só te restasse um dia?
domingo, 19 de agosto de 2007
“Síndrome do Fantástico”... Os pais da gente..."
Ao que João amavelmente respondeu:/ Que sejas meu pai!”
(Francisco de Assis –João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez– 1993).
No meio da semana que passou, enquanto eu ainda conversava com as pessoas sobre o artigo de domingo passado (“Lá em Pernambuco tem tudo aquilo mesmo?”), um amigo de infância e adolescência me enviou um torpedo pelo celular, falando sobre a partida de seu pai, por problemas do coração.
Procurei fazer contato com alguns amigos da época, para comunicar o fato. Neste processo, por uma questão de “falta”, de não estar presente no velório e despedida, passei a lembrar do velho S. Wilson, de tantos anos de convivência...
A conseqüência desta reflexão foi lembrar dos pais de todos nós, que jogávamos bola na “rua de baixo”... S. Roberto, S. Wilson, S. Hamilton, S. Geraldo, S. Odécio e S. Ardigam... Tinham os outros, mas realmente não lembro seus nomes... o pai do X-pita ou o pai do Bichiguinha. Mas esses seis marcaram, por sua presença mesmo.
S. Ardigam, já falei aqui semana passada. Mas acho que todos nós, da “Rua de Baixo” lembramos, dentre tantas coisas, que ele sempre passava na rua, com a velha e boa Caravan a álcool, e nos levava para tomar refrigerante em Santana. Normalmente íamos eu, Formiga, Edmilson e Baianinho. Sem falar que ele era um dos espectadores do imbatível T.Y.K., o time oficial da rua...
S. Roberto, pai do Formiga, também tem suas passagens... a principal, trago marcado em meu corpo. Lá vou eu dar uma de adolescente (bom, eu era adolescente!) e fazer a curva de bicicleta quase deitado... Quer dizer, quase não, literalmente deitado. E lá estava S. Roberto, que me levou ao Pronto-socorro e me trouxe de volta p’ra casa. Ele, um cara fantástico e rapidamente solidário, e eu inaugurávamos minhas costuras com os primeiros dois pontos dos quase 80 que trago no corpo hoje.
E S. Odécio, pai de Edmilson e Dudu, que vez por outra jogava com a gente na rua (ele também acompanhava o T.Y.K.)? Eu jogava no time de vôlei que ele montou para os campeonatos de férias que tinha no Salesiano. Mas, recordo-me de nosso jogo de final-de-ano, quando o Formiga conseguiu três medalhinhas com o Padre Manoel para que fizéssemos nossa partida. S. Odécio foi o árbitro e, inclusive, elegeu o atleta mais disciplinado e o melhor em campo. O disciplinado eu não lembro (claro que não fui eu nem o Formiga), mas o melhor em campo foi o “Gelinho”. Depois do jogo, tubaína e mini-pão com vários patês que nossas mães fizeram... Caramba!!!!
O S. Hamilton era o pai do Hamiltinho, ambos fantásticos, tipo tranqüilões... Cara gente boa toda, que também sempre gostava de ficar conversando com a gente, entre a casa dele e a do S. Odécio. Uma vez, daquelas que a gente também não esquece, arrumou emprego para minha irmã, passando ela na frente das demais candidatas, sem nenhuma vergonha. “Fica frio, Marcelo, a vaga é dela!”...
S. Geraldo, esse era (e ainda é, pois o vejo quando vou visitar mainha em Sampa) uma cara tranqüilão, mas tranqüilão todo. Católico (assim como D. Jô), é o pai de Eduardo, o querido “Gelinho” (aquele, melhor em campo no jogo de final-de-ano). Quando tínhamos a banda de rock, o Afã, S. Geraldo nos acompanhava nos festivais e nas nossas apresentações, fazendo, inclusive, a única filmagem de nosso show de primeiro ano de formação. Eu tocava guitarra e fazia vocais e o Edu era o baterista que, aliás, não ficava devendo nem para Neil Peart, aquele batera de oito braços do Rush.
E, finalmente, S. Wilson... Vozeirão grosso, um cara super trabalhador. O único problema era ser corintiano... Ah! Mas que problema pequeno, nem se dava bola. E quando o Wilsinho fez de seu aniversário, quatro diárias no hospital...? E lá vamos nós visitá-lo, com o S. Wilson guiando. Caramba, eu tinha prova de química no dia seguinte. Mas a casa de S. Wilson e D. Ana era visita certa de minha pessoa. Dele, lembro-me de ter editado o vídeo do Afã, que S. Geraldo filmou.
Pois é, esses foram nossos pais da Rua de Baixo, aquela do meu texto de estréia neste Arcamundo. E se eu fosse escrever cada passagem de “nossos pais”, era assunto para muitos textos.
Minha humilde e sincera homenagem não apenas a S. Wilson, mas aos meus (nossos, rua de baixo) pais... E aos pais de todos nós...
Marcelo “Russo” Ferreira...
domingo, 12 de agosto de 2007
Saneamento Básico - O filme
Síndrome do Fantástico... Pernambuco...

“Coração do Brasil! em teu seio/
Desse povo coberto de glória,/
(Hino de Pernambuco)
Semana passada me ausentei... não havia sido um bom final de final-de-semana... Mas, em outra oportunidade refletirei sobre o assunto daquela semana...
Hoje, falo de Pernambuco, pois estou em Recife.
Pernambuco! Terra do Maracatu de baque solto e de baque virado, do Cboclinho, do Coco de Roda, da La Ursa (“a La Ursa quer dinheio! Quem não dá é pirangueiro!”), da Ciranda, o Reisado, do Xaxado, Pastoril, Forró e Frevo... e de tudo isso misturado em todas as formas, num mosaico de ritmos que seguem cantando, dançando e escrevendo Cordel do Fogo Encantado, Cumadre Fulozinha, Cascabulho, Tiné, Devotos, Faces do Subúrbio, Mestre Ambrósio, Mundo Livre SA, Lia, Selma, Mestre Salustiano, Quinteto Violado, Lenine, Siba, Silvério Pessoa e duas dúzias de dúzias de artistas que cantam este estado e a região nordeste.
Pernambuco do Movimento de Cultura Popular (MCP da década de 60) e do Movimento Armorial, com Ariano Suassuna, Antônio Carlos Nóbrega, Antúlio e Antônio Madureira e de Nelson Ferreira, Raul Moraes e Capiba e suas obras imortais dedicas ao Carnaval de Pernambuco, além de obras contadas e cantadas nos quatro cantos deste país.
Pernambuco de belezas sempre focadas pela indústria do turismo – Ilha de Itamaracá, Caruaru, Porto de Galinhas etc. – mas com tantas outras belezas históricas que passam longe de nossos passeios programados pelas agências de turismo – Alto Zé do Pinho, Pina, Brasília Teimosa, Alto Santa Terezinha, Mercado São José, Parque do Caiara, Teatro do Parque, Madalena, Torre e a Várzea de Brennand e, saindo de Recife, de Moreno, Exú e Gravatá, de Aldeia, São Bento do Una e de Bezerros e seus mascarados. Das bacias hidrográficas do São Francisco (Velho Chico), Capibaribe, Ipojuca, Una, Pajeú e Jaboatão.
Pernambuco de inúmeras participações na história de liberdade deste país: Guerra dos Mascates, entre 1710 e 1712; a Revolução Pernambucana, em 1817 (cuja bandeira do estado teve seu nascedouro); a Confederação do Equador, em 1824; a Revolta Praieira, em 1848 e de Zumbi (pois Palmares ainda não era Alagoas) e de tantos outros movimentos no campo e da cidade, como o MASTER e o MCP.
Pernambuco de lutadores históricos: Abreu e Lima (que lutou pela América Latina Livre junto com Bolívar), de Joaquim Nabuco, Frei Caneca, Antonio Conselheiro, Lampião (bandido e herói), Miguel Arraes (que era cearense), Gilberto Freire, João Cabral de Melo Neto e de outras tantos mais anônimos aos livros de história – Hiram de Lima Pereira (que era de Caicó/RN e meu avô) e Paulo Cavalcante.
Pernambuco dos Blocos de Carnaval: Bloco das Flores, Andaluzas, Lírico Cordas e Retalhos, Bloco da Saudade, Eu Quero Mais, Flor do Eucalipto, Pierrots de São José, Madeira do Rosarinho, BrasCuba, o Homem da Meia-Noite, Bloco do Batata e incontáveis outros blocos resgatados nos últimos anos pelos governo populares do grande Recife.
Pernambuco, que com tudo isso, tem Glauce, Silvia (Tita) e Mateus, Jaime Amorim e Rubineuza, Ana Claudia Pessoa e Raminho, James, Mago e Dani (e o pequeno Vinicius), Báda, Modinho, Joanna, Aniele, Érika, Brunão, Magna, Janine e Antônio, Rei e Gi, Karina, Claudinha (e a pequena Bia), Adriana, Agostinho, Tereza, Socorro, Ana Rosa, Ana Maria e Alexandre, Mona, Bochecha, Hilberto, Daniele Cruz, Chica, Maris, Tio-primo Dinaldo, de meu Padrinho Nelson, Silvana e Karla, Tia Sônia, Bruno Maranhão, Cecinha (mana), Tati, Joba e Ísis, Serjão e o pé de feijão, Marli, Vanuza, Gerlane e o pequeno Mateus, Alexandre, Rossana e tanta gente que não cabem em dez balaios. Da UPE e o inesquecível ensinamento do Projeto Santo Amaro, do Projeto Nossa Escola, da UFPE – o mestrado (que me apresentou o Sertão de Pernambuco) e o Lúdico Revolucionário – e da grande idéia dos Círculos Populares de Esporte e Lazer.
Mas, hoje, e acima de tudo, terra de Seu Ardigam... homem de Limoeiro, e meu pai... e, por tudo isso e por Seu Ardigam, Viva Pernambuco...
Marcelo “Russo” Ferreira
Oxe! E vê se não se esquece de pesquisar esse povo “tudinho”, se for utilizar alguma coisa desta viagem de ritmos, nomes e cores, visse? E me cita também... Xêro!
terça-feira, 7 de agosto de 2007
O Rio de Janeiro continua lindo...(II)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007
''O Rio de Janeiro continua lindo...''

...e mesmo com frio e caos aéreo é para lá que eu vou esta semana. Preferi, portanto, deixar o texto para o retorno. Sim, o Rio sempre me provoca sensações, sentimentos e reflexões.
...''o Rio de Janeiro, fevereiro e março...'' mexe comigo. Não sei estar lá e não me encantar com cada curva, cada praia, cada prédio. Foi lá que veio a inspiração sobre a Ditadura dos Pares. É lá que espero encontrar resposta a tantas outras dúvidas que permeiam a vida - a minha, a nossa.
Enquanto Brasília é uma cidade de quinas, o Rio é uma cidade de curvas. E lá vou eu deslizar por elas...
Encontro vocês na volta!!!
domingo, 29 de julho de 2007
Síndrome do Fantástico... a Dignidade
“Ele (Che Guevara) disse, em mais de uma vez,que o mais importante são os valores do ser humano. Ele demonstrou que o mais importante é a dignidade do ser humano. Uma pessoa pode ter muitas riquezas. Se não tem dignidade e solidariedade, nunca poderá desfrutá-las”.
(Aleida Guevara – IV Congresso Nacional do MST – 2000)
Mais uma vez os valores e, nesta feita, acrescentei, nas palavras da filha de Che Guevara (ele, uma das imagens mais comercializadas da atualidade), a dignidade.
Semana que passou, nossa amiga Cláudia suscitou, dentre outras coisas, a nossa relação com as pessoas e as coisas, sobre as posses... e, nestes mesmos dias, acompanhei, insólito, no sinal de trânsito de uma quadra do Plano Piloto, um Andarilho (na ignorância de seu nome, escrevo com A maiúsculo), lentamente caminhando naquele sol de duas da tarde, descalço e imundo, com a mão extendida, quase em silêncio, de carro em carro... No mesmo sinal, o “Precinho” do Carrefour, distribuindo panfletos, para que os “bananas” que ainda acham que tem lugar mais barato para comprar frutas e verduras possam mudar de opinião...
O Andarilho e o “Precinho” (diga-se de passagem, um trabalhador), lado a lado... o primeiro, com sua história de vida marcada em seu rosto, em seus cabelos endurecidos, em seu odor, em seus pés descalços e, como reflexo, no “medo” e “desprezo” daqueles que lá estavam, parados naquele sinal de transito... o segundo, com seu rosto escondido atrás de uma fantasia, com o rosto, os olhos, os cabelos sem sabermo-los mas, antagonicamente, recebido com sorrisos...
Um rosto e um corpo, visíveis, escancaradamente visíveis e que assustava e/ou enojava... um rosto e um corpo, invisíveis, escondidos, que atraía sorrisos e leves buzinadas (em Brasília)...
Nossa solidariedade posta à prova; todos nós, naquele sinal de trânsito, não nos conhecíamos... Não fui abordado pelo Andarilho. Não posso dizer aqui, como baluarte da decência humana, que abriria (já estava aberto) a janela de meu carro, falaria com ele, lhe daria uma moeda (quase sempre as tenho no carro) e lhe desejaria boa sorte... Mas, com certeza, posso dizer que a grande maioria de nossas opiniões passaria em branco, mal olharia nos olhos daquele Andarilho... entretanto, talvez, procuraria identificar quem estava dentro daquela fantasia de “Precinho” do Carrefour...
Que relação complexa... como falar da solidariedade, sem nos esquecermos da indignação aqui mencionada semana passada e, também, sem compreendermos o individualista mundo das relações de força e de poder do mundo capitalista que, historicamente, hierarquiza a dignidade humana? Quantos de nós (e de outros) diríamos, com convicção quase religiosa, que este Andarilho o é porque o quis assim e que o “Precinho” é o retrato de um jovem (?) trabalhador que está correndo atrás de seu ganha-pão, honestamente? Diríamos que o Andarilho é um vagabundo, que não aceitaria um trabalho em troca de um prato de comida e que o “Precinho” está lá, construindo seu futuro, começando por baixo, entregando panfletos de uma grande rede de Supermercados?
Dignidade! Como sermos solidários sem sermos dignos de valores que nos façam verdadeiros homens e mulheres? Eis minha reflexão... eis minha pergunta...
Parafraseando Lênin: Dignidade, Indignação e Solidariedade! Eis valores que me dão sentido à vida...
Vida Longa...
Obs.: por mim, mas principalmente pelo Andarilho e pelo “Precinho”, não deixem, se um dia utilizarem em seus caminhos e veredas, essas poucas palavras, de lembrarem-se de nós...
Marcelo ''Russo''
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Escort XR3 Vermelho Conversível
domingo, 22 de julho de 2007
Síndrome do Fantástico... o homem e dois valores
“(...) A vocês que me fizeram escravo-de-Jó, escutem bem: / ainda vou brincar de roda / ainda vou contar estrelas / ainda vou ensinar vocês a / semear plantações e construir casas, / ainda vou ensinar vocês a mentir / e a fingir de verdade” (Sujeito Finge-dor – Maurício Roberto da Silva – 1996).
Passamos por uma semana difícil aos nossos sentidos e aos nossos sentimentos. Se fôssemos buscar explicações sobre o que aconteceu em São Paulo, iríamos a muitos, mas muitos lugares diferentes: alguns iriam para o campo da engenharia de aviação, outros iriam para o campo da política, outros tantos caminhariam para o campo da economia, existiriam aqueles que optariam pelo caminho da espiritualidade e por aí vai... por aí iriam...
Assim a grande maioria de nós caminha... sempre procurando por explicações, quer dando-as, quer literalmente procurando-as, perguntando aqui e ali... É longo o caminho do conhecimento.
Mas foi uma semana em que vi(mos) tanta coisa que, inclusive, não resisti a assistir ao fantástico de hoje e não me surpreendi com o formato e com o conteúdo. E continuei, nestes poucos minutos de telespectador, a caminhar e ver possíveis caminhos.
Vi(mos), nestes dias, as idas e vindas de reportagens do editor que trata seu público de “Hommer Simpson” (seja lá como se escreva o primeiro nome deste personagem de desenho americano).
Vi(mos) pessoas falando ao telefone, com amigos, familiares e o repórter e o microfone ali do lado.
Vi(mos) pessoas procurando lugar para seu sofrimento e, lá estava, o repórter e seu microfone e, pior ainda, suas perguntas: “Você está sofrendo?”.
Vi(mos) a tragédia virar notícia sob todos os ângulos: dos prédios ao lado, próximos ou não, das casas, as testemunhas oculares e suas filmagens de celulares. Vi câmaras escondidas e gestos de todas as formas, bem como as matérias e seus apresentadores bem ensaiados.
Não pretendo analisar (muito longe de mim) aquilo que, em jornais, crônicas, matérias, entrevistas etc. nos foi bombardeado durantes esses dias. Fatos e contra-fatos foram e voltaram.
O que mais me chamou – novamente – a atenção nesta semana, nas conversas, nas notícias, nos comentários ao lado, foi a solidariedade e a indignação. Não que tenham sido explícitas nestes meios, talvez mais a segunda, mas ainda assim de uma maneira um tanto quanto “fabricada”
Lembro que, durante muito tempo, a solidariedade me era resumida com o “doar aquilo que não lhe serve mais ou que não irás utilizar”. Era neste núcleo que se ensinava a arte de ser solidário. Lembro-me, também, que a indignação era o tu opinares sobre algo que não concordavas e, assim, te deixava indignado.
Com o tempo, uma pergunta sobre esses dois valores não parava de me bater à porta: não seriam essas definições algo um tanto quanto individualista? Eu me indigno com o que ME incomoda e sou solidário quando ME sobra algo!?!?
E, caminhando e procurando respostas, aprendi que são dois valores absolutamente inseparáveis: a capacidade de nos indignarmos só me passou a ter sentido e significado quando acompanhada da postura de solidariedade. E minhas atitudes pretensamente solidárias só puderem ser verdadeiras quando a indignação falava-me com todas as letras, sons e espiritualidade... claro que aos meus olhos de aprendiz.
Uma tragédia me leva, resgatando esses dois valores, a pensar que temos tanto o que nos indignar e com tantos a sermos solidários. E o temos que ser todos os dias...
Desejo muita paz de espírito a todos os envolvidos com essa tragédia, porque muitos serão seus caminhos... e desejo que possamos continuar nosso difícil caminho por aprendizados tão caros à humanidade (ou mulheranidade) todos os dias: nossa capacidade de indignação e de solidariedade...
Vida longa!
Obs.: não que eu acho que tudo isso venha a ser citado por aí afora... mas se citar, pode dizer que fui eu, ok? Dê crédito...
terça-feira, 17 de julho de 2007
Pranto
domingo, 15 de julho de 2007
“Síndrome do Fantástico”... O coronel...
O texto proporcionou uma reflexão muito interessante, bela e profunda de Maria Cláudia e alguns e-mail’s. A maioria, digamos, no mesmo tom... crítico.
Inspirado naquelas críticas, resolvi manter a linha de reflexão, tendo como pano de fundo o mesmo texto de Galeano (sem a necessidade de reescrevê-lo), mas provocando o olhar não mais em Mônica Baltodano, mas no Coronel, a “hombridade de calças compridas”.
Senão vejamos... o que faz os homens (e não vou caracterizá-los-nos, ok?) verem as mulheres? Toda aquele multifacetado caleidoscópio humano que minha companheira de blog explorou? Ou minhas menores referências? Ou o conjunto disso tudo?
O que poderia ter dito o coronel, depois que se entregou? Que seu pelotão “acovardou-se” diante dos rebeldes sandinistas? Que seus soldados abandonaram as armas enquanto ele, firme em seu posto militar, mantinha sua hombridade da taberna? Que se entregou, mas não sem cuspir na face dA Comandante Sandinista, num sinal de desprezo aos ideais de luta daqueles vermelhos que não tem capacidade de ter HOMENS no comando?
Tentemos ver pelo NOSSO olhar de comandante (difícil): Qual imagem nos parece mais possível? A quem, na verdade, os olhos e sentidos do coronel admirariam? Desafiaria-o a demonstrar sua justiça e equilíbrio, seu carinho e sua força, sua sinceridade e sua malícia e, tenho quase certeza, não veríamos outra coisa senão uma “hombridade de calças compridas”.
Não quero aqui, de maneira nenhuma, fatiar a parte masculina da humanidade (e um dia uma amiga me perguntou: por que HUMANidade? Por que não MULHERAnidade?), mas ousar apresentar um olhar do mundo, aquele em que todos nós ainda bebemos nos uníssonos valores machistas, os mesmos que produzem princesas e heróis... e que também produzem coronéis. Não se trata de multifacetar homens e/ou mulheres, mas de multifacetar nossos valores, esses sim vestidos e escondidos sob alguma forma de “calça comprida” e que muitas vezes se mostram com outras vestimentas.
Os olhos do coronel, sua fala travestida de liderança “não me rendo a uma mulher”, sua possível postura de frente da tropa é, no final das contas, apenas uma explícita exposição dos valores da nossa sociedade e é nela e, principalmente, na minha luta coletiva contra a matriz destes valores, que trato minhas paixões, meus sentimentos e minha escolha por um travesseiro, tão bem cantada por Nascimento...
“Sustenta a palavra d’homem, que eu mantenho a de mulher”
(Milton Nascimento)
Vida Longa...
Obs.: Recadinho de sempre, ok? Se for usar o texto, lembra de mim... e se for cantar Milton Nascimento também...
terça-feira, 10 de julho de 2007
O Caminho
Caminhava pela rua distraidamente, caiu num buraco.
Passando pela mesma rua, num outro dia, caiu num buraco.
Seguia a vida, passava pela tal rua, caía no buraco.
Até que, ao caminhar pela rua, avistou o buraco.
Avistou e caminhou pela rua, até cair no buraco.
Já conhecia a rua, já conhecia o buraco, ainda assim, ao passar por aquela rua, caía, invariavelmente no buraco.
Continuou a caminhar, procurou passar por outras ruas, mas ao seguir por aquela rua, inevitável cair no buraco.
Aprendeu a identificar o buraco, aprendeu a sair dele. Portanto, conhece o caminho.
Já conhece a rua, já conhece o buraco, resta aprender a não mais cair.
segunda-feira, 9 de julho de 2007
“Síndrome do Fantástico”... Mulheres...
Dias destes, limpando meu computador, encontrei essa pérola do Galeano e que aqui reproduzo:
"Às suas costas, um abismo. À sua frente e aos lados, o povo armado acossando. O quartel A Pólvora, na cidade de Granada, ultimo reduto da ditadura, está a ponto de cair./ Quando o coronel fica sabendo da fuga de Somoza, manda calar as metralhadoras. Os sandinistas também deixam de disparar. Pouco depois, abre-se o portão de ferro do quartel e aparece o coronel agitando um trapo branco./ - Não disparem! O coronel atravessa a rua./ - Quero falar com o comandante./Cai o lenço que lhe cobre a cara:/- A comandante sou eu - diz Mônica Baltodano, uma das mulheres sandinistas com comando de tropa./ - O que?/ Pela boca do coronel, macho altivo, fala a instituição militar, vencida mas digna, hombridade de calcas compridas, honra de farda:/- Eu não me rendo a uma mulher - ruge o coronel./ E se rende.".
As palavras de Galeano bastariam, mas não vou me furtar a seguir refletindo.
Pois bem, homens (e mulheres) de plantão, o que me encanta numa mulher? Sua capacidade de lutar. E não falo apenas desta (árdua) luta cotidiana contra os valores machistas do dia-a-dia. Não falo das mulheres que aparecem no PEGN como empresárias que venceram os obstáculos das profissões “típicas de homens”. Elas não precisam desta minha manifestação. Falo das “Mônica’s Baltodano’s”...
Por que gosto das mulheres? Porque existem mulheres assim... comandantes! Que olham o mundo com justiça e com equilíbrio. Com carinho e força. Com sinceridade e malícia. Mulheres do povo, sem criar nem cair nesse nojento glamour da mídia, da música, das artes e do esporte, com suas rainhas e princesas... Mulheres sempre plebéias, sempre do povo e no povo, sempre comandantes...
Preciso falar mais alguma coisa? Então tá! VIda Longa às mulheres comandantes!!!!
(Obs.: desculpem a ausência na semana passada... foi mudança).
<:0)
Ops! E não esqueçam! Respeitem as viagens deste escriba. Se for usar o texto (afora as palavras do Galeano), não deixe de me citar, ok?
Marcelo ''Russo'' Ferreira
terça-feira, 3 de julho de 2007
Habitus

O coração
E acabei com uma
Estranha sensação
Vai ver, vai ver
É mudança de estação''
(A Cor do Som)
Hábito, do latin habitus. 1. Inclinação por alguma ação, ou disposição de agir constantemente de certo modo, adquirida pela freqüente repetição de um ato. Escrever na Arca Mundo, já é hábito. Todas as terças-feiras abro a Arca, ainda que não tenha preparado nada, ainda que não tenha idéia do que escrever. É, virou hábito!
Escrever, compartilhar idéias, rechear esta página. Não dá para ficar sem, é como se não tivesse escovado os dentes pela manhã. Fica um incômodo sem nome, sensação de que falta algo. E cá estou eu, como de hábito, preparando-me para escrever e, decidindo, se publicarei o texto 'esperançoso' que prefere a alguns ou se crio algo novo, a partir de alguns comentários deixados aqui.
Vence a reflexão, baseada não só no comentário 'é um jogo novo, só que insistimos em usar as regras antigas', como também em parte do texto publicado pelo Marcelo na semana passada - 'mudar dói, não mudar dói muito mais'.
Insistir em usar as regras antigas, porque estamos habituados a elas ou porque dão um ar romântico ao evento, pode doer um bocado. Sim, leitores! Eu concordo com o nosso comentarista. O jogo é novo. Os papéis sociais estão sendo revistos há algumas décadas - alguns podem não ter notado - por falta de hábito de olhar em volta - mas estão mudando. Não dá mais para esperar o príncipe no cavalo branco, que a salvará de todas as dificuldades: De torneira quebrada a rombo na conta. Tampouco dá para esperar chegar a casa e encontrar a esposa linda, cheirosa, depilada e com chinelos numa mão e 'bebida de boas vindas' na outra - sem contar o delicioso jantar servido à francesa.
Temos de rever os velhos hábitos, revisitar conceitos, reformular idéias para utilizarmos no novo jogo, as novas regras. Regras que reposicionam nossos conceitos - ou (pre)conceitos de gênero. Preceitos que equilibram interna e externamente masculino e feminino. Afinal, se a idéia é ter autonomia, já não dá para ser sustentada. Se o desejo é a companheira-cozinheira-babá-arrumadeira-beldade, então melhor não esperar dividir as despesas. Não dá para querer que ele lave os pratos e esperar que arrume o varal - a não ser que você pague as contas.
Mudar dói, como concluiu meu amigo, mas permanecer com velhos hábitos pode custar muito mais que a dorzinha da mudança. Pode custar a felicidade nossa de cada dia. Um brinde ao novo casamento, com suas novas regras!
''Eu que não vou arrumar o varal. Tudo bem que ele lava os pratos, mas varal é coisa de homem...'' (M., 25 anos, profissional liberal).
''Se fosse com uma amiga, não haveria tanta cobrança'' (C., 40 anos, serv.pública).
Esse texto é dedicado a meu primo Tito e Milena - sua noiva - que se casarão em setembro, com o desejo que eles entrem no jogo sabendo que as regras são novas e desejando muita felicidade a ambos!
Maria Cláudia Cabral
Respeite os direitos autorais. Se for utilizar, dê crédito à autora.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Casamento
domingo, 24 de junho de 2007
Síndrome do Fantástico... mudar...
“Se você já me explicou, agora muda de assunto.
Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito... muito”
(Oswaldo Montenegro)
Uma frase fantástica, anda que a intenção de seu autor tenha, talvez, sido apenas impessoal, meio psicológica, meio subjetiva...
Mas o grande lance desta música de impetuoso Oswaldo Montenegro é o que instiga.
Mudança: o que nos leva a querer mudar? As opiniões dos grandes meios de comunicação (‘bora combinar, esse papo de imprensa imparcial é tremenda balela)? nossas perdas parciais? Namoro, casamento, noivado na porta da igreja... Ou talvez um curso superior que não era o que imaginávamos...
Temos sempre a referência que a mudança é algo absolutamente particular... e, na verdade, na verdade, o grande desafio da humanidade é a mudança (que, aqui, classificaria como transformação) coletiva... e a mudança (transformação) é o grande desafio... e essa, com certeza, dói, mas deve doer muito.
O que nos levaria, o que nos colocaria dispostos a mudar e, principalmente, mudar coletivamente?
Semana passa (aliás, retrasada, pois semana passada não mudei), comentei sobre a nossa infância, sobre as crianças zapatistas e sobre o V Congresso Nacional do MST e, de passagem, a reunião de cerca de 1.000 crianças Sem-terrinha participando deste encontro.
O que elas querem? Ah, sim, elas querem... Por mais que nossos meios de comunicação induzam nossas mentes no sentido de dizer às nossas opiniões (?) que elas são levadas a querer, mas não querem por vontade própria... O que elas querem?
Elas querem um mundo de todos, em que nossos sangues não sejam explorados, em que nossas idéias não sejam exploradas, em que nossos sonhos não sejam explorados... em que nossos homens, mulheres, crianças e idosos, em que nossos trabalhadores e trabalhadoras não sejam exploradores... em que nossa natureza não seja explorada... em que nossos sentimentos não sejam explorados...
Ok... parece discurso de esquerdista perdido no mundo depois da queda no Muro de Berlim... Mas o muro caiu e a pergunta fica: O que nós realmente queremos mudar????
Bom... eu, particularmente, mudei o canal de televisão... Não assistirei ao Fantástico hoje... E tu? Pretendes mudar? Bom, se no início, mudar te fizer, de alguma maneira, doer... hummmm... eu acho que começaste bem...
Minhas mudanças me doem a algum tempo... Mas como é bom tirar a atadura... E isso é fantástico!!!!
Marcelo "Russo" Ferreira
Copyright Marcelo Ferreira. Se for utilizar o texto, dê crédito ao autor.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
terça-feira, 12 de junho de 2007
Amigos Para Sempre
Do lado esquerdo do peito,
Dentro do coração,
Assim falava a canção
Que na América ouvi’’.
(Milton Nascimento)
Amigos são seres divinos, que nos acompanham – de longe ou de perto - que estão sempre conosco, mesmo quando a quilômetros de distância. Amigos - já disse aqui numa outra ocasião - são aqueles que nos aceitam integralmente e até riem do nosso lado sombra.
Eles, os amigos, nos conhecem tanto que sabem bem quando vamos furar um programa, só pela forma como respondemos ao convite. E fingem que topamos, relevando o esperado ‘bolo’.
Amigos nunca erram nosso nome, pois sabem que podemos ter um milhão de amigos, mas que cada um é único e especial. Amigo, que é amigo, sabe a hora de falar e a hora de calar. Ele sabe quando é hora de nos deixar ‘quebrar a cara’, em respeito ao nosso processo de evolução. Ao final, estão a postos, para embalar nosso necessário pranto.
Amigos temem a ausência, mais que a presença do amigo. Dizem que são para todas as horas, as tristes e as alegres. Digo mais, nas tristes nos seguram a mão, nas comemorações alegram-se verdadeiramente com nossas vitórias, mandando embora qualquer sombra de inveja.
Amigos são a família que escolhemos e por tudo isso, não pode haver ex-amigo. Ex-amigo é no máximo aquele que nunca o foi, porque quem sabe o que é amigo, sabe que pode haver ex-namorado, ex-rolo, ex-ficante, ex-peguete, ex-amante, ex-marido – eu mesma tenho dois – ex-colega de trabalho, ex tantas coisas, só não pode haver ex-amigo. E nesse dia dos namorados, amigos, uni-vos! Porque namorados vêm e vão, amigos são para sempre!
segunda-feira, 11 de junho de 2007
“Síndrome do Fantástico”... e p’ra onde vai nossa infância?
Nestas idas e vindas de “velhos” textos, encontro uma reflexão do Sub-comandante Marcos (sim, aquele mesmo dos Zapatistas do México, dos Chiapas): “As crianças podem suscitar guerras e amores, encontros e desencontros. Magas imprevisíveis e involuntárias, as crianças brincam e vão criando o espelho que o mundo dos adultos evita e detesta. Têm o poder de mudar o que está em volta delas e transformar, por exemplo, uma rede velha e esfarrapada num moderno avião, numa canoa, num carro para ir a San Cristóbal de Las Casas. Um simples rabisco, traçado com um lápis que la Mar dá a eles para casos como estes, lhes dá corda para contar uma complexa história na qual o “ontem à noite” abrange horas ou meses, e o “logo mais” pode querer dizer “o próximo século”, onde (alguém duvida?) eles e elas são heróis e heroínas. E o são, mas não só em suas histórias fictícias, como também e sobretudo em seu ser meninos e meninas indígenas entre as montanhas do sudeste mexicano” (2001).
Cá estão as crianças do sudeste mexicano... Aliais, nós, reles mortais, felizes no mundo do consumo, talvez estejamos muito distantes de experimentar essa realidade, em toda a sua plenitude (dos jogos às necessidades). Mas, o que é mais interessante é que encontro, em outro destes escribas inconseqüentes (viva-os!), algo semelhante a quase um século atrás: "(...) e nós de fato brincamos de prendas. A pedagogia às vezes faz caretas estranhas: quarenta garotos, bastante andrajosos, bastante famintos, brincam alegremente de prendas à luz de uma lâmpada de querosene. Só que sem beijos como prenda” (MAKARENKO, 1986: p. 176).
Bom, minha reflexão em torno deste tema (que possivelmente não seria assim tratado no folhetim global) é sobre nossas infâncias... Aquela que deleitei-me no último (primeiro) artigo. Qual nossa responsabilidade como pais, mães, tios, tias, avós, avôs, adultos, padrinhos, madrinhas, educadores etc? O que devemos construir para nossos filhos, sobrinhos, netos, afilhados, alunos? Qual a relação entre a fantasia e a realidade na construção dos valores de nossos pequenos? E para que sociedade os queremos? Tem gente (ai, esses “educadores”) que acredita piamente que devemos prepará-los para a sociedade, quase de adequando-os. Eu acredito nestes escribas “ultrapassados”, pois denotam uma transformação... uma construção de pequenos lutadores do povo... e os são. É a infância, de crianças que, como nos presenteia Pedro Tierra, são que nem soca de cana: podem até cortar, mas nasce sempre.
Em tempo, para quem está em Brasília e arredores, dê uma passadinha no Ginásio Nilson Nelson, ao lado do Mane Garrincha, onde está acontecendo o V Congresso Nacional do MST e estará reunindo, também, cerca de 1200 Sem Terrinhas em cinco dias de Ciranda Infantil... Não é fantástico?
Copyright Marcelo Ferreira. Se for utilizar o texto, dê crédito ao autor.