domingo, 19 de agosto de 2007

“Síndrome do Fantástico”... Os pais da gente..."

“(...) Já alegre, perguntou ao discípulo do Cristo/ - Que queres de mim?
Ao que João amavelmente respondeu:/ Que sejas meu pai!”

(Francisco de Assis –João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez– 1993).

No meio da semana que passou, enquanto eu ainda conversava com as pessoas sobre o artigo de domingo passado (“Lá em Pernambuco tem tudo aquilo mesmo?”), um amigo de infância e adolescência me enviou um torpedo pelo celular, falando sobre a partida de seu pai, por problemas do coração.

Procurei fazer contato com alguns amigos da época, para comunicar o fato. Neste processo, por uma questão de “falta”, de não estar presente no velório e despedida, passei a lembrar do velho S. Wilson, de tantos anos de convivência...

A conseqüência desta reflexão foi lembrar dos pais de todos nós, que jogávamos bola na “rua de baixo”... S. Roberto, S. Wilson, S. Hamilton, S. Geraldo, S. Odécio e S. Ardigam... Tinham os outros, mas realmente não lembro seus nomes... o pai do X-pita ou o pai do Bichiguinha. Mas esses seis marcaram, por sua presença mesmo.

S. Ardigam, já falei aqui semana passada. Mas acho que todos nós, da “Rua de Baixo” lembramos, dentre tantas coisas, que ele sempre passava na rua, com a velha e boa Caravan a álcool, e nos levava para tomar refrigerante em Santana. Normalmente íamos eu, Formiga, Edmilson e Baianinho. Sem falar que ele era um dos espectadores do imbatível T.Y.K., o time oficial da rua...

S. Roberto, pai do Formiga, também tem suas passagens... a principal, trago marcado em meu corpo. Lá vou eu dar uma de adolescente (bom, eu era adolescente!) e fazer a curva de bicicleta quase deitado... Quer dizer, quase não, literalmente deitado. E lá estava S. Roberto, que me levou ao Pronto-socorro e me trouxe de volta p’ra casa. Ele, um cara fantástico e rapidamente solidário, e eu inaugurávamos minhas costuras com os primeiros dois pontos dos quase 80 que trago no corpo hoje.

E S. Odécio, pai de Edmilson e Dudu, que vez por outra jogava com a gente na rua (ele também acompanhava o T.Y.K.)? Eu jogava no time de vôlei que ele montou para os campeonatos de férias que tinha no Salesiano. Mas, recordo-me de nosso jogo de final-de-ano, quando o Formiga conseguiu três medalhinhas com o Padre Manoel para que fizéssemos nossa partida. S. Odécio foi o árbitro e, inclusive, elegeu o atleta mais disciplinado e o melhor em campo. O disciplinado eu não lembro (claro que não fui eu nem o Formiga), mas o melhor em campo foi o “Gelinho”. Depois do jogo, tubaína e mini-pão com vários patês que nossas mães fizeram... Caramba!!!!

O S. Hamilton era o pai do Hamiltinho, ambos fantásticos, tipo tranqüilões... Cara gente boa toda, que também sempre gostava de ficar conversando com a gente, entre a casa dele e a do S. Odécio. Uma vez, daquelas que a gente também não esquece, arrumou emprego para minha irmã, passando ela na frente das demais candidatas, sem nenhuma vergonha. “Fica frio, Marcelo, a vaga é dela!”...

S. Geraldo, esse era (e ainda é, pois o vejo quando vou visitar mainha em Sampa) uma cara tranqüilão, mas tranqüilão todo. Católico (assim como D. Jô), é o pai de Eduardo, o querido “Gelinho” (aquele, melhor em campo no jogo de final-de-ano). Quando tínhamos a banda de rock, o Afã, S. Geraldo nos acompanhava nos festivais e nas nossas apresentações, fazendo, inclusive, a única filmagem de nosso show de primeiro ano de formação. Eu tocava guitarra e fazia vocais e o Edu era o baterista que, aliás, não ficava devendo nem para Neil Peart, aquele batera de oito braços do Rush.

E, finalmente, S. Wilson... Vozeirão grosso, um cara super trabalhador. O único problema era ser corintiano... Ah! Mas que problema pequeno, nem se dava bola. E quando o Wilsinho fez de seu aniversário, quatro diárias no hospital...? E lá vamos nós visitá-lo, com o S. Wilson guiando. Caramba, eu tinha prova de química no dia seguinte. Mas a casa de S. Wilson e D. Ana era visita certa de minha pessoa. Dele, lembro-me de ter editado o vídeo do Afã, que S. Geraldo filmou.

Pois é, esses foram nossos pais da Rua de Baixo, aquela do meu texto de estréia neste Arcamundo. E se eu fosse escrever cada passagem de “nossos pais”, era assunto para muitos textos.

Minha humilde e sincera homenagem não apenas a S. Wilson, mas aos meus (nossos, rua de baixo) pais... E aos pais de todos nós...

Marcelo “Russo” Ferreira...

Obs.: Não esqueça de dizer a painho que o texto aqui tem autoria, visse? Se citar, lembre-se de mim (é bom para meu currículo hehehe)