“Vem, vamos embora, que espera não é saber/
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
(Geraldo Vandré)
Esta semana recebi um convite para visitar um material construído naquele sítio virtual a qual a ex-princesa do pseudo-fenômeno (Ronaldo) processou por colocar um vídeo de uma “affair” íntimo com seu namorado numa praia européia...
Mas, nem a modelo, nem o fenômeno, nem o vídeo... Minha epígrafe, penso, sinaliza que minhas pretensões temáticas de hoje são outras...
O material em questão tratava-se de uma apresentação, daquelas do estilo “power point”, tendo a música de Geraldo como fundo musical e uma série de cenas (fotos) que nos levavam a possíveis reflexões sobre o poder, a guerra, a miséria, a pobreza, a riqueza etc., temas que, inclusive, já me arrisquei por estas andanças.
Mas duas coisas me chamaram a atenção nesta visita a aquele sítio e de maneira significativamente contraditória: a primeira foi a quantidade de material com a música “p’ra não dizer que não falei das flores” (uma das primeiras que aprendi a tocar no violão), cerca de 300 apresentações; a segunda, as diversas opiniões sobre os diversos materiais.
Refletindo sobre a segunda, fiquei impressionado com a amplitude de opiniões sobre apresentações diversas: “poderia usar fotos melhores, mais atuais”, “precisamos fazer acontecer”, “nós estamos cada vez mais acomodados”, “ai!, que saudade do tempo da ditadura” e por aí vai... Mas, mesmo eu não tendo muita paciência em ler uma a uma das reflexões sobre cada apresentação (especificamente aquelas no estilo “power point”), não identifiquei nenhuma que fosse a fundo no tema que, em princípio, a canção poderia – ou deveria – instigar.
Por outro lado, a quantidade de apresentações construídas com a canção de Geraldo Vandré me levava a outras veredas: quantos ainda escutam, cantam, re-cantam e, em temos de linguagem digital e globalização virtual, utilizam esta bela canção como pano de fundo? Minhas reflexões me levavam também a incontável quantidade de mensagens, também em “power point” com outra celebre (mas não tão completa) canção: “Imagine”, de John Lennon.
Mas, já que recebi aquele convite, gostaria de resgatar uma das estrofes daquela canção que, em todas as apresentações que assisti (cerca de 6 ou 7), não recebeu o sentido e significado merecido – assim como outras tantas: “Os amores na mente, as flores no chão/ A certeza na frente, a história na mão”. Seguir caminhando em nossa constante luta, entendendo-a como aquilo que nos faz coletivo, que nos faz históricos e, nas palavras de Anton Mararenko, que nos constrói como novos homens e mulheres, é algo que se completa com nossos amores... Lutar, sem amar, talvez não seja tão significativo. Todas as histórias que li e escutei de lutadores e lutadores que tombaram lutando tinham, evidentemente, a história em suas mãos, mas também seus amores, um(a) companheiro(a), seus filhos, sua família...
Assim, e ainda na linha de minha opção crítica em relação aos que “cansaram”, parece-me que a luta ainda necessita, na busca de seu sentido e significado, que tenhamos a história na mão e o amor, o verdadeiro amor, no coração... eis o caminho dos lutadores do povo que conheci e que não conheci.
Viva nossa história que, mesmo no seio de uma cruel ditadura (e já marco meu tema da semana que vem), nos oportunizou compositores e canções como essa... E que, principalmente aos que continuam resistindo, que esta canção continue tocando nossos corações, como bem possivelmente Vandré o quis.
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira
P.S.: Aos amigos Alexandre e Ana Maria, que essa nova escola na Venezuela continue construindo as fantásticas pessoas que vocês são.
P.S.2: minhas palavras estão aí, refletindo uma pequena parte de minhas reflexões... Se as utilizar, lembra-se de mim, ok?