''Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar''
(Oswaldo Montenegro)
Ontem, passando pela Esplanada, deparei-me com um Escort vermelho conversível. Sonho de consumo na década de oitenta, era o desejo de dez entre dez indivíduos. Então, quem quer um Escort vermelho conversível hoje? Pois é... Passou. Deixou de ser. Quem realizou, realizou. Quem não conseguiu, até já esqueceu.
Assim é a vida, assim são as pessoas. Primeiro encantam-se por coisas, pessoas ou lugares. Fazem delas o centro do mundo, passam noites em claro e sonham - dormindo ou acordadas - desesperam-se, angustiam-se, vibram. Por vezes enlouquecem. Os anos passam, os sonhos passam ou ficam guardados no fundo de um baú no porão. Perdem o brilho, ficam empoeirados.
Um dia vêem seu objeto de desejo passando na rua e descobrem que já não tem o menor significado. É só uma velha lembrança. É algo que nunca foi.
Assim é a vida, assim são as coisas, assim são as pessoas: fugidías. Será?
Maria Cláudia Cabral
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