segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Trilha - Caminho e Caminhar

Foto: Karina Almeida








''Quando não houver caminho



mesmo sem amor, sem direção



A sós ninguém está sozinho



é caminhando que se faz o caminho''



(Titãs)







... E há caminhos de pedra, de pó e de asfalto. Há trilhas dinâmicas e trilhas contemplativas. Há momentos de seguir, momentos de parar, momentos de refletir. Esse fim de semana recebi um convite para cachoeiras Indaiá, um complexo de quedas d'água próximo ao município de Formosa/GO. Depois de muito rodar, chegamos à conclusão que nos havíamos perdido. Tarde demais, quase onze da manhã e sessenta quilômetros distante do caminho correto. Estávamos no rumo de Salto do Itiquira.




Para quem não conhece o Salto do Itiquira, é igualmente no município de Formosa, mas com infraestrutura turística, banheiros, restaurantes, trilhas sobre caminhos de pedras, enfim nada em comum com Indaiá, trilha talhada na mata, sem qualquer infra. Itiquira é aquela coisa para turista ver. Era assim que me lembrava dela. Ora, a última vez que estivera lá foi há anos. Não era o passeio que havia imaginado, mas como sou dada ao improviso, recebi o imprevisto com coração aberto. O que fazer quando todos os seus planos de domingo vão por água abaixo e você está há cento e quinze quilômetros de casa?



Ingressamos, depois de pagar dez reais por pessoa só para entrar, num parque em que era defeso portar comidas ou bebidas. Tudo bem, faz parte do passeio, pensei. O importante é curtir o dia maravilhoso, sentir a natureza e divertir-se muito com os filhotes e os amigos.


De repente fui entrando num mundo mágico, descortinou-se diante de mim uma paisagem exuberante e serena da qual não me lembrava. Árvores altíssimas, som de águas, céu azul. Pássaros por todos os lados e o caminho de pedra, previamente proposto. Lembrei-me de um diálogo entre Dora e Josué, no filme Central do Brasil. Ela explicava a ele que andar de ônibus é mais seguro, pois este tem caminho certo, ao contrário do outro que pode desviar-se. Eu estava num ônibus. Havia caminho certo para chegar à cachoeira. Caminho feito, trilha certa, determinada.


Ainda assim, trilhas são ótimas oportunidades de aprendizado. Seja quando são selvagens, seja quando são para turistas, mesmo que acidentais. As selvagens nos fazem refletir e construir o caminho, observar cada passo, cada escolha, cada decisão. As certas nos proporcionam o supremo prazer de olhar. Sim! Olhar, simplesmente observar tudo em torno, sem a preocupação de pensar por onde ir, onde pisar. Elas nos permitem o ócio. Ambas nos ensinam a viver o presente, o aqui e o agora.



No caso de Itiquira, já não me lembrava. Itiquira é pura contemplação. É exercício inequívoco do ócio. Oportunidade para fazer vibrar o silêncio interior e internalizar os sons do presente, os sons da natureza em nós. Casa folha, cada gota d'água, cada pássaro. Impossível descrever com perfeição a beleza do lugar. A energia do céu emoldurado pelas rochas, pelas matas e pela cachoeira. O caminho parecia mágico. Caminho de pedra e pó, em cuja rudeza tantas vezes antes caminhei.



Itiquira é a suprema e bela chance de silenciar e escutar-se, ao tempo em que se ouve os sussuros do vento nas folhas. É tempo de permitir acariciar pela brisa fresca da mata, sentir-se envolver pelas gotículas de água do imenso véu de noiva. É a vida, feita de silêncios, forjada em sons. Momento de parar, calar, permitir falar o espírito e ouvir a voz do coração. Momento macunaímico de ode ao ócio. Tempo de flutuar.



Assim, no domingo improvisei uma estrada, criei um caminho onde menos esperava, onde o caminho já estava. Talvez onde mais queria, talvez o que mais desejava.





''Preciso suar para conseguir relaxar, não gosto de trilhas turísticas'' (LC, no domingo)


''Este lugar me lembra concepção, afeto, saudade'' (C, domingo)





Maria Cláudia Cabral

Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê créditos à autora.


















Caminhos:




Cachoeiras Indaiá

www.eco.tur.br/ecoguias/planalto/ecopontos/cachoeiras/indaia.htm


Formosa

http://www.eco.tur.br/ecoguias/planalto/roteiros/formosa.htm


Salto do Itiquira
http://www.eco.tur.br/ecoguias/planalto/ecopontos/cachoeiras/itiquira.htm

Central do Brasil

http://www.centraldobrasil.com.br/front.htm





domingo, 26 de agosto de 2007

“Síndrome do Fantástico”... meu convite...

“Assim será!” (M. Gorki - 1907)

Depois de duas pequenas viagens pessoais, em universos próprios (dia dos pais, S. Ardigam, Pernambuco, os “pais da Rua de Baixo”), mas sempre atento aquilo que nos move no dia-a-dia e que também vinha sendo o pano de fundo central de minhas reflexões mais anteriores (os valores da humanidade – ou mulharanidade), venho apresentar-lhes um pequeno texto, fantástico, profundo, atualíssimo (mesmo que escrito no início do século passado) e que, no mínimo, contribuirá com reflexões que todos nós, bem possivelmente, estamos fazendo ultimamente, muito ou não.

Mas, como ninguém fala de lugar nenhum, o micro-tempo-espaço desta reflexão tem, dentre outros, o seguinte acontecimento: Sexta-feira, 17 de agosto. Após sua passagem e manifestação ao “Ato Público do Cansei”, a apresentadora Hebe Camargo “se enfia no carro e é cercada por uma fã, que implora a atenção da apresentadora. Indiferente ao apelo, o segurança limpa o capô antes de partir” (Carta Capital nº 459, página 21).

Eis minha lembrança literária:

“- Nós somos revolucionários e assim seremos enquanto houver alguns que apenas mandam e outros que apenas trabalham. (...) A propriedade exige um esforço demasiado grande para se defender e, na realidade, vós todos (...) sois mais escravos do que nós; a vós, escravisaram-vos o espírito; a nós, o corpo. Não conseguireis libertar-vos do julgo dos preconceitos e dos hábitos que vos matam moralmente; a nós, nada nos impede de sermos interiormente livres. (...) Arrancastes o homem da vida e esmagaste-lo; o socialismo unirá o mundo destruído por vós num único todo grandioso”.

Há quase exatos 100 anos, Máximo Gorki, em sua obra “A Mãe”, convidava-nos a sermos revolucionários... Há quase exatos 100 anos, sua obra, mesmo que mea-ficção, parece-nos absolutamente atual e real.

Eu não cansei! E convido-os a não cederem à impressão de fadiga social que a imprensa, a mídia atual e seus coronéis da comunicação procuram ecoar em horários nobres ou não... Convido-os a serem revolucionários!

Marcelo “Russo” Ferreira

Ps: O Livro “A mãe” está reeditado na íntegra pela Editora “Expressão Popular”, além de inúmeras obras fantásticas... eu recomendo. Ah! E não se esqueça: se usar essas meias e esquisitas palavras por aí, divida o crédito comigo, tá?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

...Se só te restasse um dia?

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
(Paulinho Móska)
... E você, diz aí. Diz o que você faria se hoje fosse o último dia? Será que você iria ao shopping, ao parque ou ao bar da esquina? Falaria com a namorada ou deixaria o telefone celular tocar e tocar? Jogaria o aparelho num rio? Diz. Diz aí o que você faria?
Eu, refletindo sobre o último dia, parei por horas. É, não sei responder assim, de estalo. Fiquei pensando se correria a fazer tudo o que ainda não fiz, se pararia para ver a banda passar. Pergunto-me, algo atônita, se saberia tomar uma decisão numa hora como essas. O que eu faria se só me restasse um dia?
Talvez revelasse sentimentos ocultos, por alguém improvável. Sem medo de eventual fracasso, afinal o orgulho não teria importância num mundo em falência. Talvez até gritasse para o universo tal sentimento e deixasse o rosto ser banhado por lágrimas de felicidade, que transbordariam intensas pelas portas e janelas recém abertas de um coração hermético.
Talvez brincasse de roda, jogasse amarelinha sem pensar no que os outros vão achar. Talvez abrisse mão da imagem forte, guerreira, invencível, construída e me entregasse ao prazer puro e simples da brincadeira de corda, de gangorra e de balanço.
Talvez, derrubasse as muralhas invisíveis que protegem essa alma velha e cansada e, enfim, abrisse os braços sobre a Guanabara ou sobre o Paranoá - no ponto mais alto da Ponte, enchesse os pulmões de ar, enchesse todo o ser com o ar puro da manhã e soltasse, libertasse - sem medo - todo o amor que trago em mim.
Talvez confessasse a todos os pecados - os grandes e os pequenos - num megafone em praça pública ou em rede nacional de televisão. Não! Talvez confessasse na CNN para o mundo todo, via satélite e jogasse fora todas as máscaras revelando humildemente a humanidade, que me resta.
...Eu desceria do salto, soltaria os cabelos, afrouxaria as amarras, abriria os braços, respiraria bem fundo e diria, num sonoro sussurro: Eu amo o mundo, seja lá o que for acontecer!
Talvez gritasse!
Maria Cláudia Cabral
Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê crédito a autora.

domingo, 19 de agosto de 2007

“Síndrome do Fantástico”... Os pais da gente..."

“(...) Já alegre, perguntou ao discípulo do Cristo/ - Que queres de mim?
Ao que João amavelmente respondeu:/ Que sejas meu pai!”

(Francisco de Assis –João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez– 1993).

No meio da semana que passou, enquanto eu ainda conversava com as pessoas sobre o artigo de domingo passado (“Lá em Pernambuco tem tudo aquilo mesmo?”), um amigo de infância e adolescência me enviou um torpedo pelo celular, falando sobre a partida de seu pai, por problemas do coração.

Procurei fazer contato com alguns amigos da época, para comunicar o fato. Neste processo, por uma questão de “falta”, de não estar presente no velório e despedida, passei a lembrar do velho S. Wilson, de tantos anos de convivência...

A conseqüência desta reflexão foi lembrar dos pais de todos nós, que jogávamos bola na “rua de baixo”... S. Roberto, S. Wilson, S. Hamilton, S. Geraldo, S. Odécio e S. Ardigam... Tinham os outros, mas realmente não lembro seus nomes... o pai do X-pita ou o pai do Bichiguinha. Mas esses seis marcaram, por sua presença mesmo.

S. Ardigam, já falei aqui semana passada. Mas acho que todos nós, da “Rua de Baixo” lembramos, dentre tantas coisas, que ele sempre passava na rua, com a velha e boa Caravan a álcool, e nos levava para tomar refrigerante em Santana. Normalmente íamos eu, Formiga, Edmilson e Baianinho. Sem falar que ele era um dos espectadores do imbatível T.Y.K., o time oficial da rua...

S. Roberto, pai do Formiga, também tem suas passagens... a principal, trago marcado em meu corpo. Lá vou eu dar uma de adolescente (bom, eu era adolescente!) e fazer a curva de bicicleta quase deitado... Quer dizer, quase não, literalmente deitado. E lá estava S. Roberto, que me levou ao Pronto-socorro e me trouxe de volta p’ra casa. Ele, um cara fantástico e rapidamente solidário, e eu inaugurávamos minhas costuras com os primeiros dois pontos dos quase 80 que trago no corpo hoje.

E S. Odécio, pai de Edmilson e Dudu, que vez por outra jogava com a gente na rua (ele também acompanhava o T.Y.K.)? Eu jogava no time de vôlei que ele montou para os campeonatos de férias que tinha no Salesiano. Mas, recordo-me de nosso jogo de final-de-ano, quando o Formiga conseguiu três medalhinhas com o Padre Manoel para que fizéssemos nossa partida. S. Odécio foi o árbitro e, inclusive, elegeu o atleta mais disciplinado e o melhor em campo. O disciplinado eu não lembro (claro que não fui eu nem o Formiga), mas o melhor em campo foi o “Gelinho”. Depois do jogo, tubaína e mini-pão com vários patês que nossas mães fizeram... Caramba!!!!

O S. Hamilton era o pai do Hamiltinho, ambos fantásticos, tipo tranqüilões... Cara gente boa toda, que também sempre gostava de ficar conversando com a gente, entre a casa dele e a do S. Odécio. Uma vez, daquelas que a gente também não esquece, arrumou emprego para minha irmã, passando ela na frente das demais candidatas, sem nenhuma vergonha. “Fica frio, Marcelo, a vaga é dela!”...

S. Geraldo, esse era (e ainda é, pois o vejo quando vou visitar mainha em Sampa) uma cara tranqüilão, mas tranqüilão todo. Católico (assim como D. Jô), é o pai de Eduardo, o querido “Gelinho” (aquele, melhor em campo no jogo de final-de-ano). Quando tínhamos a banda de rock, o Afã, S. Geraldo nos acompanhava nos festivais e nas nossas apresentações, fazendo, inclusive, a única filmagem de nosso show de primeiro ano de formação. Eu tocava guitarra e fazia vocais e o Edu era o baterista que, aliás, não ficava devendo nem para Neil Peart, aquele batera de oito braços do Rush.

E, finalmente, S. Wilson... Vozeirão grosso, um cara super trabalhador. O único problema era ser corintiano... Ah! Mas que problema pequeno, nem se dava bola. E quando o Wilsinho fez de seu aniversário, quatro diárias no hospital...? E lá vamos nós visitá-lo, com o S. Wilson guiando. Caramba, eu tinha prova de química no dia seguinte. Mas a casa de S. Wilson e D. Ana era visita certa de minha pessoa. Dele, lembro-me de ter editado o vídeo do Afã, que S. Geraldo filmou.

Pois é, esses foram nossos pais da Rua de Baixo, aquela do meu texto de estréia neste Arcamundo. E se eu fosse escrever cada passagem de “nossos pais”, era assunto para muitos textos.

Minha humilde e sincera homenagem não apenas a S. Wilson, mas aos meus (nossos, rua de baixo) pais... E aos pais de todos nós...

Marcelo “Russo” Ferreira...

Obs.: Não esqueça de dizer a painho que o texto aqui tem autoria, visse? Se citar, lembre-se de mim (é bom para meu currículo hehehe)

domingo, 12 de agosto de 2007

Saneamento Básico - O filme

'' O que é ficção?''
(personagem de Fernanda Torres, no filme)




Voltava para casa, pouco depois das dez da noite. Era mais uma noite de domingo, regada a cineminha, seguido de café no Bistrô do Fábio. De repente estava rindo sozinha. Aquela cena com a Camila Pitanga... A seqüência veio inteira a minha mente. Ri, gargalhei sozinha no carro enquanto dirigia para casa.
Acabara de assistir Saneamento Básico, de Jorge Furtado. Não me considero suspeita ao comentar o cinema de Jorge Furtado, porque embora não me lembre de algum filme dele que me tenha chateado, não sou exatamente uma super fã. Gosto do trabalho dele, e isto é tudo. Ou era. Depois de Saneamento, minha relação com o cineasta gaúcho já não é a mesma. Leitores, eu amei o filme.
Poderia escrever parágrafos e parágrafos sobre diversos aspectos que me chamaram a atenção na película . Poderia consultar os especialistas e fazer uma crítica cinematográfica. Não é o caso, até porque sou mera expectadora apaixonada de cinema. O fato é que há muito não me divertia tanto. Há um humor fino, mas há mais. Há poesia no ar durante todo o tempo de projeção. A trilha sonora ajuda a emoldurar as cenas mais líricas do filme, fazendo o expectador viajar numa saudade de algo que nunca viu ou viveu. Saudade não sei de quê, não sei de quando, não sei de onde. Talvez os gaúchos saibam, eu, nordestina que sou, não soube.
Mais que tudo o filme trouxe respostas ainda não muito elaboradas a questões que venho propondo nesse espaço há vários meses. Preciso amadurecer a percepção para compartilhar com vocês. Tive insights para a velha pergunta: Por que ser um par? E isso me fez muito bem, não sei se sou eu que estou amadurecendo as idéias ou se foi o roteiro que me balançou, certo é que vi os pares com um olhar menos cético, quase doce. Como ainda não elaborei, deixo para a próxima. Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra!





Maria Cláudia Cabral
Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê créditos à autora.

Síndrome do Fantástico... Pernambuco...




“Coração do Brasil! em teu seio/
Corre o sangue de heróis - rubro veio/
Que há de sempre o valor traduzir/
És a fonte da vida e da história/
Desse povo coberto de glória,/
O primeiro, talvez, no porvir/
Salve! Oh terra dos altos coqueiros!/
De belezas soberbo estendal!/
Nova Roma de bravos guerreiros/
Pernambuco, imortal! Imortal!”
(Hino de Pernambuco)


Semana passada me ausentei... não havia sido um bom final de final-de-semana... Mas, em outra oportunidade refletirei sobre o assunto daquela semana...
Hoje, falo de Pernambuco, pois estou em Recife.
Pernambuco! Terra do Maracatu de baque solto e de baque virado, do Cboclinho, do Coco de Roda, da La Ursa (“a La Ursa quer dinheio! Quem não dá é pirangueiro!”), da Ciranda, o Reisado, do Xaxado, Pastoril, Forró e Frevo... e de tudo isso misturado em todas as formas, num mosaico de ritmos que seguem cantando, dançando e escrevendo Cordel do Fogo Encantado, Cumadre Fulozinha, Cascabulho, Tiné, Devotos, Faces do Subúrbio, Mestre Ambrósio, Mundo Livre SA, Lia, Selma, Mestre Salustiano, Quinteto Violado, Lenine, Siba, Silvério Pessoa e duas dúzias de dúzias de artistas que cantam este estado e a região nordeste.
Pernambuco do Movimento de Cultura Popular (MCP da década de 60) e do Movimento Armorial, com Ariano Suassuna, Antônio Carlos Nóbrega, Antúlio e Antônio Madureira e de Nelson Ferreira, Raul Moraes e Capiba e suas obras imortais dedicas ao Carnaval de Pernambuco, além de obras contadas e cantadas nos quatro cantos deste país.
Pernambuco de belezas sempre focadas pela indústria do turismo – Ilha de Itamaracá, Caruaru, Porto de Galinhas etc. – mas com tantas outras belezas históricas que passam longe de nossos passeios programados pelas agências de turismo – Alto Zé do Pinho, Pina, Brasília Teimosa, Alto Santa Terezinha, Mercado São José, Parque do Caiara, Teatro do Parque, Madalena, Torre e a Várzea de Brennand e, saindo de Recife, de Moreno, Exú e Gravatá, de Aldeia, São Bento do Una e de Bezerros e seus mascarados. Das bacias hidrográficas do São Francisco (Velho Chico), Capibaribe, Ipojuca, Una, Pajeú e Jaboatão.
Pernambuco de inúmeras participações na história de liberdade deste país: Guerra dos Mascates, entre 1710 e 1712; a Revolução Pernambucana, em 1817 (cuja bandeira do estado teve seu nascedouro); a Confederação do Equador, em 1824; a Revolta Praieira, em 1848 e de Zumbi (pois Palmares ainda não era Alagoas) e de tantos outros movimentos no campo e da cidade, como o MASTER e o MCP.
Pernambuco de lutadores históricos: Abreu e Lima (que lutou pela América Latina Livre junto com Bolívar), de Joaquim Nabuco, Frei Caneca, Antonio Conselheiro, Lampião (bandido e herói), Miguel Arraes (que era cearense), Gilberto Freire, João Cabral de Melo Neto e de outras tantos mais anônimos aos livros de história – Hiram de Lima Pereira (que era de Caicó/RN e meu avô) e Paulo Cavalcante.
Pernambuco dos Blocos de Carnaval: Bloco das Flores, Andaluzas, Lírico Cordas e Retalhos, Bloco da Saudade, Eu Quero Mais, Flor do Eucalipto, Pierrots de São José, Madeira do Rosarinho, BrasCuba, o Homem da Meia-Noite, Bloco do Batata e incontáveis outros blocos resgatados nos últimos anos pelos governo populares do grande Recife.
Pernambuco, que com tudo isso, tem Glauce, Silvia (Tita) e Mateus, Jaime Amorim e Rubineuza, Ana Claudia Pessoa e Raminho, James, Mago e Dani (e o pequeno Vinicius), Báda, Modinho, Joanna, Aniele, Érika, Brunão, Magna, Janine e Antônio, Rei e Gi, Karina, Claudinha (e a pequena Bia), Adriana, Agostinho, Tereza, Socorro, Ana Rosa, Ana Maria e Alexandre, Mona, Bochecha, Hilberto, Daniele Cruz, Chica, Maris, Tio-primo Dinaldo, de meu Padrinho Nelson, Silvana e Karla, Tia Sônia, Bruno Maranhão, Cecinha (mana), Tati, Joba e Ísis, Serjão e o pé de feijão, Marli, Vanuza, Gerlane e o pequeno Mateus, Alexandre, Rossana e tanta gente que não cabem em dez balaios. Da UPE e o inesquecível ensinamento do Projeto Santo Amaro, do Projeto Nossa Escola, da UFPE – o mestrado (que me apresentou o Sertão de Pernambuco) e o Lúdico Revolucionário – e da grande idéia dos Círculos Populares de Esporte e Lazer.
Mas, hoje, e acima de tudo, terra de Seu Ardigam... homem de Limoeiro, e meu pai... e, por tudo isso e por Seu Ardigam, Viva Pernambuco...

Marcelo “Russo” Ferreira

Oxe! E vê se não se esquece de pesquisar esse povo “tudinho”, se for utilizar alguma coisa desta viagem de ritmos, nomes e cores, visse? E me cita também... Xêro!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Rio de Janeiro continua lindo...(II)


''O Rio de Janeiro continua lindo,

O Rio de Janeiro, fevereiro e março...''







Esta viagem ao Rio trouxe muitas reflexões, esclarecimentos e novas sensações. Uma em especial me ocorreu compartilhar aqui. Sexta-feira tomei um taxi de Botafogo para a PUC. O motorista, algo atrapalhado, era do tipo conversador. Perguntei, curiosa: ' o senhor gosta de trabalhar na praça?' Ele prontamente respondeu que sim, e passou a elencar todas as excelentes razões para adorar o trabalho, todas as vantagens de morar na cidade maravilhosa. Parecia um homem feliz.


No dia que vim embora, novamente tomei táxi. Desta feita de Botafogo para o aeroporto do Galeão. Chovia, chovia aquela chuva fina, chata, o tempo estava fechado, mal se enxergava a baía. O motorista era do tipo caladão. Resolvi fazer um teste e repeti a pergunta 'o senhor gosta de trabalhar na praça?' Do Aterro ao aeroporto escutei atentamente a lista de razões pelas quais não valia a pena ser taxista no Rio de Janeiro. Desde a violência, até as condições climáticas que se lhe apresentavam naquele momento.


Não pude deixar de pensar quão curioso é o ser humano. Duas pessoas, uma mesma cidade, uma mesma profissão. Dois olhares distintos, dois olhares antagônicos. Qual deles teria razão? Qual deles estaria certo? Finalmente, a pergunta que não quer calar: o que é certo?


Nâo é questão de certo ou errado. A diferença reside na forma como vemos o mundo. Não foi difícil perceber que a vida daquelas duas pessoas, daqueles dois cidadãos residentes no Rio de Janeiro era exatamente o reflexo da forma como eles vêem o mundo. Busquei na memória, revirei os arquivos em busca da resposta à dúvida: eu sou o primeiro motorista ou sou tipo o segundo? Como tenho me colocando diante dos desafios da vida?


Termino sem concluir, ainda cheia de dúvidas, muitas perguntas sem resposta.



''Ah! minha vida é muito boa aqui no Rio, não troco isso aqui não.'' (Primeiro motorista)


'' Ihhhhhhh, Dona. Isso aqui é uma loucura. A praça já foi boa, antes de eu começar a ser taxista era ótimo. Agora a concorrência é enorme, tem a violência e esse trânsito que não anda. Ainda mais em dia de chuva...'' ( Segundo motorista)







Maria Cláudia Cabral

Respeite os direitos autorais. Se quiser citar, dê crédito à autora.






quarta-feira, 1 de agosto de 2007

''O Rio de Janeiro continua lindo...''


...e mesmo com frio e caos aéreo é para lá que eu vou esta semana. Preferi, portanto, deixar o texto para o retorno. Sim, o Rio sempre me provoca sensações, sentimentos e reflexões.



...''o Rio de Janeiro, fevereiro e março...'' mexe comigo. Não sei estar lá e não me encantar com cada curva, cada praia, cada prédio. Foi lá que veio a inspiração sobre a Ditadura dos Pares. É lá que espero encontrar resposta a tantas outras dúvidas que permeiam a vida - a minha, a nossa.



Enquanto Brasília é uma cidade de quinas, o Rio é uma cidade de curvas. E lá vou eu deslizar por elas...



Encontro vocês na volta!!!
Maria Cláudia Cabral