quinta-feira, 19 de abril de 2007

O otimismo

Era dia ou era noite
Mas era, sobretudo, hora de dizer que no fim das contas
Sempre é o fim das contas.

Eu deixei alguém me dizer o contrário
E era dia ou era noite
E eu já não me lembro exatamente, no fim,
Quais eram as contas do qual sofria.



Maria Clara Dunck
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quarta-feira, 18 de abril de 2007

Sobre...

''Vi tanta areia, andei
Na lua cheia, eu sei
Uma saudade imensa''
(Edmundo Souto, Danilo Caymi e Paulinho Tapajós)



E eu aqui... Tantas coisas sobre as quais escrever, sobre as quais pensar:



Sobre o que significa relacionamento ou 'relacionar-se com os outros no novo século'. Sobre como as pessoas têm visto seus pares. Sobre o espaço individual, sobre o sobrenatural...Sobre o olhar, sobre os olhos que se tocam – essa indiscreta invasão.


Olhares.


Sobre pais e mães e filhos e tios e sobrinhos...Sobre maridos e esposas, sobre companheiros e parceiros, sobre amantes, amores, amigos, sobre todos nós.


Os nós.


Sobre como o eu cresce e o tu diminui, sobre como os nós se agravam e gravam as relações com marcas indeléveis. Sobre o afastamento recíproco. Sobre como o meu é maior que o seu, que é maior que o nosso, que é muito maior que o dos outros, próximos ou distantes.


Próximos e Distantes.


Sobre como as tardes arrefecem diante das horas que passam, dando lugar à escuridão da noite - queiramos ou não. Sobre 'como agir diferente da multidão pode causar burburinho'.


Deus-nos-acuda.


Sobre como afetuosidade, atencão e amizade podem parecer interesse, bajulação e carência aos olhos dos habitantes da matriz em que vivemos. Sobre a ilusão da vida e como ela pode desfocar a perspectiva. Sobre as borboletas que voam no jardim. Sobre a paraíso e os sonhos. Sobre imaginar um mundo melhor e mais justo. Sobre um lugar onde não se preencham lacunas. Sobre as reticências e os significados. Sobre ter o que dizer e dizer palavras soltas sem qualquer sentido.


Caminhos.


Sobre o querer e o desejar. Sobre Schoppenhaeur. Sobre Freud. Sobre Jung. Sobre Caetano.
Sobre razão e emoção. Sobre pensar e fazer. Sobre o impulso. Sobre o pulso. Sobre a vida e a morte. Sobre escolhas.


Desígnios.


Sobre as perguntas silenciosas. Os sentimentos ocultos. Sobre os sonhos, os desejos, os impulsos, as opções. Sobre a liberdade.


Escolhas.





Maria Cláudia Cabral
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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Dos meus dias

Eu me arrependo do que faço
E do que não faço.
Onde diabos está a tranqüilidade
Entre a ação e a passividade?

Entre o controlar e o deixar-se levar
Eu fico com a dúvida.
E nunca sei em que pensar,
Só penar.

Quero desesperadamente um coração inteligente.


Maria Clara Dunck
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terça-feira, 10 de abril de 2007

TEMPO DE ACONTECER uma Ode a Brasília



''Céu de Brasília
traço do arquiteto
gosto tanto dela assim''
(Caetano Veloso e Djavan)





É isso aí... Hora de partir mais uma vez, arrumar a mala, empilhar os livros, encaixotar a casa, puxar o cachorro pela coleira – filhos, comigo já não há – e seguir adiante, novos horizontes à vista.



Hora de abrir os braços, esticar as pernas, apertar os olhos e enlarguecer o sorriso para os desafios que se descortinam bem à frente. Momento de realizar. Tempo de acontecer!




Acontecer em Brasília, cidade – repito e repito – que escolhi para chamar de minha. Não há como, perdoem-me os cearenses, os paraenses, os paulistas, os baianos, os cariocas e os goianos, mas Brasília – em minha vida – é fundamental. Não que os lugares por onde passei antes e depois de Brasília não tenham importância, dizer isso seria descarada mentira. Cada uma das cidades em que morei foi responsável por um pedaço de mim, por uma parcela importante do meu pensamento caótico, por um tiquinho das minhas sentimentalidades, mas ela me traduz na íntegra, me acolhe, me come, me toma inteira. Brasília me fez mulher.



Brasília me devora e eu – impulsiva – me entrego a ela como me entrego a mais ninguém. Posso chamá-la 'meu único amor', pois só a ela me dou: corpo, alma, coração e mente. Nela, sinto-me espírito liberto e libertador. Em suas quinas me encontro, e encontro a essência feminina: menina, mulher. Na retidão de seus traços, a linha reta do meu pensamento tortuoso. No céu - ah! O céu de Brasília - a grandiosidade daquela que supera todos os obstáculos naturais, guerreira, sobrevivente de uma vida errante. Nascida do sonho visionário, feita de silêncio e sons, surgida no meio do nada, no centro de tudo.



Brasília da diversidade de sabores, da pluralidade de cores, dos cheiros, dos gestos, dos sons. Sons de todos os pontos e das pontes. Aquela que forja o Mercado, que inventa esquinas e pinta tradução dos botecos de outrora. Que se resguarda no leito e se entrega no púlpito, ou será o contrário? Brasília, a loba correndo em círculos, que não só alimenta a matilha - lobos vorazes – como os enfeitiça. Quadradinho mágico.


Bras'ILHA da fantasia' dos visitantes sazonais, da labuta de filhos e enteados, agregados e desterrados que por aqui transitam sem pudor, sem licença. Brasília tribalista: de todos e de ninguém. Livre e limitada, grandiosa e provinciana, sagrada e profana, urbana e rural. Brasília dicotômica, controversa, antagônica. Brasílias: plural! Ame-a ou odeie-a, ignorá-la: jamais!


Brasília, '' põe meia dúzia de Brahmas p'ra gelar, que eu 'to' voltando!


''Sou colcha de retalhos, identifiquei-me com Brasília. Saí duas vezes, voltei. Aqui é meu lugar!'' (M.C. Ontem)




'' Vir para Brasília me fez ver muitas coisas sobre Goiânia, estou voltando'' (M.A.V., 09 de abril/2007)







Maria Cláudia Cabral

quarta-feira, 4 de abril de 2007

A solução ainda é a Diplomacia

Depois da Guerra no Iraque, a população mundial teme que o conflito gerado entre Irã e Estados Unidos devido ao programa de enriquecimento de urânio do país persa, culminem em um novo conflito armado no Oriente Médio. Nos últimos dias o quadro de tensões se agravou devido à prisão de quinze marinheiros britânicos no Golfo Pérsico, sob a acusação de invasão de águas iranianas. Os marinheiros continuam sob o poder de Teerã, o que ocasionou séria crise diplomática entre Irã e Reino Unido.
O país persa possui 9% das reservas mundiais de petróleo, além de vastas reservas de gás natural. Mas a economia não tem ido bem, e o governo de Teerã enfrenta o desafio de reduzir a inflação e o desemprego, que atingiu cerca de 11,2% da população em 2004, segundo pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo. Tais fatores já seriam suficientes para justificar interesses de países de primeiro mundo na região. Além disso, no ano passado, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou que havia conseguido enriquecer urânio pela primeira vez, na quantidade de 3,5% do material processado. O governo afirmou que desejava produzir energia nuclear pra diversificar suas fontes de energia e não precisar mais importar de fornecedores estrangeiros. Teve então, início a mobilização de países como EUA para impedir o enriquecimento de urânio no Irã.
O enriquecimento de urânio em níveis baixos é capaz de produzir combustível para reatores nucleares, mas em quantidades elevadas, pode ser usado em bombas. A quantidade necessária para produzir uma bomba nuclear é de 90%. Sendo assim, não existem provas concretas ou indícios reais de que o país esteja interessado ou que tenha condições de desenvolver armas nucleares. Mas o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU - , afirma temer que o Irã , sigilosamente tente desenvolver uma bomba.
O Irã faz parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear – TNP – segundo o qual, um país tem o direito de enriquecer seu próprio combustível para geração de energia nuclear com fins civis, sob a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA. Ainda assim, no último dia 24, O Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções ao Irã pela manutenção de seu programa nuclear. O pacote de sanções foca a exportação de armas, as ações do banco estatal Sepah e o comando de elite da Guarda Revolucionária do país. O Chanceler iraniano, Manuchehr Mottaki, diz que a resolução é "ilegal, desnecessária e injustificável".
Desde que teve início o conflito, EUA e Irã não cansam de demonstrar publicamente seu poderio armamentista, em testes e treinamentos militares que os governos insistem em definir como “rotineiros”, mas que explicitam uma espécie de diálogo entre as duas nações com o objetivo de provar suas forças e sua capacidade de defesa. Um dia antes do aprisionamento dos marinheiros britânicos, a marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar poder de defesa para proteger o Golfo Pérsico e deveriam durar uma semana. Quatro dias depois, a marinha dos EUA também realizou exercícios militares no Golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares. O que nos remete às lembranças da Guerra Fria.
Tony Blair já afirmou algumas vezes que, caso a solução diplomática e imediata para o problema não seja possível, deverá ser tomada “uma posição mais dura”, mas descarta a realização de uma intervenção militar. Isso pode ser provado pelo decorrer dos dias em que os militares britânicos estão em poder iraniano. Se algo mais drástico fosse ser realizado, podemos acreditar que já o teriam feito, principalmente pelo fato de pedidos de libertação imediata vindos, inclusive da ONU, terem sido completamente ignorados pelo país persa.
Diante de toda essa situação e, levando em conta o contexto histórico, econômico e geográfico em que este conflito está inserido, podemos acreditar que, pelo menos por enquanto, os Estados Unidos e o Reino Unido não têm motivações e até mesmo coragem suficientes para realizar uma investida armada contra o Irã. Comecemos por todas as conseqüências negativas que a invasão do Iraque trouxe aos Estados Unidos: milhares de perdas humanas, com soldados morrendo diariamente em território iraquiano, a grande perda da popularidade de George W. Bush diante do seu eleitorado e da população mundial – que, diga-se de passagem, nunca gostou dele mesmo - , as perdas financeiras diante do estrondoso aumento do preço do barril do petróleo, dentre outros fatores que comprovam os inegáveis prejuízos dessa guerra. Mais uma invasão em terras do Oriente Médio agora seria absolutamente inviável.
Outros fatores a serem considerados são a superioridade territorial do Irã com relação ao Iraque, e, também, a superioridade do seu exército, com relação ao do país invadido. Tudo isso dificultaria muito mais uma invasão a terras iranianas. Além disso, o Iraque encontrava-se internamente dividido por forças religiosas, a população estava separada entre xiitas e sunitas e vivia em meio a conflitos internos. Já no Irã, não existe esse problema: a grande maioria da população (89%) é de muçulmanos xiitas e o sentimento de nacionalismo nesse país é forte.
Muitos afirmam que o Irã pode estar blefando no que diz respeito à sua capacidade de enfrentar um conflito armado, mas é verdade, também, que o país possui influências na região e que, na possibilidade de uma guerra, poderia contar com reforços, o que levaria o conflito a proporções bem maiores do que as imaginadas e com conseqüências catastróficas.
Diante de tudo isso, um conflito armado e uma intervenção direta dos Estados Unidos no Irã agora, não interessaria a ninguém e todas as partes sairiam prejudicadas. Não há sinais de que o Irã vá desistir de seu direito de enriquecer urânio e de lutar contra as sanções que têm sido impostas àquele país. Também não há indícios de que libertarão tão facilmente os prisioneiros britânicos que se encontram em Teerã. O ministro de Assuntos Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki afirmou, no último dia 24, sobre as sanções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU, que “A resolução se afastou dos propósitos declarados pelos patrocinadores e --com medidas contra as instituições de defesa, econômicas e educativas do país-- estão perseguindo objetivos além do programa nuclear iraniano". Afirmou ainda que o Irã não funciona com "ameaças e intimidações" e pediu aos membros do Conselho que "voltem ao caminho da negociação baseado na justiça e na verdade".
O Irã está se impondo internacionalmente, disso não tenhamos dúvidas, e ameaças “psicológicas”são realizadas diariamente de todos os lados. Mas ainda podemos acreditar que estamos longe de mais um conflito armado que desencadeia no mundo o medo da Terceira Guerra Mundial e do fim da humanidade. Também as grandes nações compartilham desse medo e com certeza, não subestimam tanto assim a soberania dos povos do Oriente Médio e suas capacidades. Tony Blair e George Bush terão que se esforçar bastante pra impor sua palavra e o medo sobre o qual governam, mas a saída ainda é a diplomacia como afirmam insistentemente os porta-vozes, nas edições diárias dos jornais. Enquanto isso, vamos vivendo o clima de Guerra Fria.

Camila Pessoa de Souza.

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terça-feira, 3 de abril de 2007

TUDO AO MESMO TEMPO, AGORA!!!

Há meses escrevo essa coluna, nunca estive com tantas idéias, nunca estive tão vazia de palavras.

Há tantas coisas acontecendo em torno e dentro de mim, inclusive a TPM, sobre a qual falei ano passado.

Parece que tudo está acontecendo ao mesmo tempo, agora! O rock que toca ao fundo - Offspring - o filme do Adam Sandler na TV a cabo, a lua majestosa lá fora (lua majestosa é lugar comum?), o mundo girando, os vôos atrasando, o mergulho interior na terapia corporal e meus sonhos mais remotos se realizando. Sim! Meus sonhos estão se realizando.

Desculpem, mas em lugar dos palpites e críticas escreverei o mais rasgado agradecimento:

Grata estou porque vou morar na cidade que amo e que escolhi para chamar de minha;

Grata estou por que finalmente irei trabalhar na área que adoro;

Grata estou por que finalmente estou dissolvendo o muro que me separa dos meus sentimentos mais profundos;

Grata estou porque apreendi a libertar meus filhos das garras dependentes da mãe deles;

Grata estou porque tenho os melhores amigos que uma mulher pode ter;

Grata estou porque ganho menos do que mereço, mas mais do que preciso para viver;

Grata estou porque sigo em frente, cabeça erguida, mesmo depois de tropeços e tapetes puxados...

Sorrindo, sempre sorrindo...

Só posso agradecer? Não, posso mais... Posso pedir tudo o que quero: E quero muito ainda

Quero paz para o mundo;

Quero igualdade de oportunidades para toda a população brasileira;

Quero educação para todos;

Quero arte e cultura por toda parte;

Quero direitos humanos para aqueles cujos direitos ainda precisam ser minimamente respeitados;

Quero uma linda casa, com quintal e pomar, com redes na varanda, energia solar, horta, muitos livros, música, filmes e uma janela para o mundo;

Quero o mais belo pôr-do-sol a cada dia;

Quero o mais belo amanhecer, todos os dias, não necessariamente nessa mesma ordem;

Quero alguém especial para compartilhar idéias, afetos, temperos e carinhos;

Quero pássaros cantando e brisa no rosto;

Quero tudo, quero o mundo, tudo ao mesmo tempo, agora!!!


Maria Cláudia Cabral