terça-feira, 7 de novembro de 2006

Editorial nº 03 – Liberdade é isso: Foi dada a largada para as polêmicas!


Aqui estamos nós com a terceira edição da Arca! Muitos textos interessantíssimos e muitos assuntos a se discutir: relação entre pais e filhos; entre amigos; entre nós e nós mesmos; entre nós e os filmes; entre nós e o mundo! E foi dada a largada para as polêmicas! Eu sabia que em algum momento as divergências de opiniões iriam surgir, entre nós e os leitores e entre nós mesmos. Mas não pensava que isso demoraria tão pouco tempo e nem que me envolvesse já de primeira. (risos) Nossa democracia sugere réplicas e tréplicas e lá vou eu com minha carta de resposta ao Senhor César Henrique Guazelli, pela sua citação no texto de quadrinhos.....

“ Camila, se quiser mudar o título, à vontade. Esse aí foi porque eu tava sem idéia melhor. Deve haver algum erro de concordância por aí, pois escrevi bem rápido. Não repara por ter sido usada como exemplo, viu? Beijo” Era o que dizia o e-mail.
“ Caralho! O César acabou comigo no texto dele!” Era o que eu dizia.

Como editora, eu poderia muito bem reclamar de “ter sido usada como exemplo” ou, simplesmente, editar o texto e não se fala mais nisso! Mas onde estaria a liberdade de escrever “o que nos der na telha” que eu tanto ovacionei na criação da Arca Mundo? Então, aqui estou, para os devidos esclarecimentos...
Não, eu não sou uma ignorante e não, não critiquei os quadrinhos do César, como possa parecer! Confesso que não entendo nada de quadrinhos e que passei a minha vida entrando em contato e tendo como referência a Turma da Mônica, mesmo – aliás, quadrinhos esses que eu adoro e leio até os dias de hoje! Mas, quando falei sobre a editoria de quadrinhos com o senhor César, foi em um tom de brincadeira e debochando da minha própria falta de conhecimento sobre o assunto. Concordo plenamente com todo o conteúdo do texto dele. Acho que tem muita gente desinformada e insensata por aí, que quer falar mal do que não conhece. E acho, também, que nunca é tarde para se conhcer!
Da mesma forma que eu cresci lendo Turma da Mônica, também cresci ouvindo música pop, vendo filmes Hollyoodianos e entrando em contato com literatura barata. Entretanto, em algum ponto da minha vida, pude conhecer e passar a gostar de rock e mpb, de cinema de arte e de tragédias gregas. Talvez seja agora, e com a ajuda, justamente da sua editoria de quadrinhos, que vou passar a conhecer melhor e a desfrutar (ou não) desse universo do qual ainda sou tão leiga. Dessa maneira, poderei, como você frisou bem no seu texto, conciliar Turma da Mônica e Art Spiegelman, Los Hermanos e Funk, Kiarostami e comédia romântica, Ésquilo e revistas femininas. Portanto, morte aos críticos insensatos e viva a diversiadade!!
P.S: ê César...amanhã eu te pego na esquina..... hehehehehe
Camila Pessoa.
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PARA LER OS QUADRINHOS


"Antes da minha prisão, a viagem não teria significado nada para mim’’.
Sandman

Antes de levar essa editoria adiante, gostaria de deixar algo bem claro. Pra isso, vou contar uma historinha breve. A Excelentíssima Senhora Camila Pessoa, editora e idealizadora desse tal Arca Mundo, certo dia me disse:
- César, eu estou fazendo um Blog, estou muito animada com ele e queria que você escrevesse sobre política pra mim, tudo bem?
Eu respondi:
- Ué Camila, eu posso escrever no seu Blog, é uma boa idéia mesmo, mas porque você não faz o seguinte: passa a editoria de política pra outra pessoa, porque não agüento mais falar sobre isso, e eu escrevo sobre quadrinhos?
Ao que ela respondeu:
- Ah nem César, você quer escrever sobre quadrinhos, como você vai arrumar assunto pra isso? Falar da Turma da Mônica toda semana?

Pois é. E aqui estou eu com minha editoria de quadrinhos. Só quero aproveitar a deixa da Camila pra esclarecer algumas coisas. Quadrinhos não é coisa de criança. Melhor dizendo, não é SÓ coisa de criança. Como todo e qualquer veículo de comunicação, como toda linguagem e forma de expressão, os quadrinhos (ou comics, ou banda desenhada, ou hq, como preferir) se colocam como uma possibilidade imensa de construção de realidade e criação. É difícil seguir contra uma cultura tão pasteurizada como a nossa, que não percebe a distinção entre forma e conteúdo; que tende a abstrair a construção histórica do nascimento, consolidação e exploração comercial de determinados veículos de expressão como se fosse a sua própria essência. É difícil perceber que a literatura, para a grande maioria das pessoas, não vai além de O Senhor dos Anéis, o Código da Vinci ou, mais recentemente, o Caçador de Pipas. Igualmente, é duro abstrair que o cinema é tão visceralmente atrelado, no imaginário coletivo, aos mecanismos de Hollywood, engessado em um padrão de codificação lingüística caduco e pouco atrativo, e que a maioria desconhece a quantidade de produções feitas no mundo todo fora do eixo do cinema industrial. Coisa ainda pior ocorre na música. Sempre me deparo com tribos e grupos que ouvem determinado estilo de música e, de forma quase irracional, excluem outros vorazmente, apenas para se afirmarem. Assim, bangers, indies e grungeiros não podem ouvir música baiana, brega, forró, pagode ou sertanejo, sob a pena de serem tachados de posers. Vivemos em um mundo que limita.
A forma dos quadrinhos é uma coisa, o conteúdo é outra. Se os comics se afirmaram, enquanto cultura de massa, sobre a exploração de personagens animais antropomorfizadas (Gato Félix e Pato Donald são ótimos exemplos) e super-heróis, isso não quer dizer que devam ser, necessariamente, escritos nesses moldes. Muito pelo contrário. Há uma vastidão enorme de produção quadrinizada profissional e amadora em todo o mundo - embora eu ache essa distinção absurda – nas mais diversas linguagens, sobre uma variação temática quase ilimitada e, a cada dia, mais autoconsciente e inteirada de seu papel, seu ‘’fazer-se’’ e seu lugar, que se amplia a passos largos. Aos poucos, os quadrinhos são aceitos no meio acadêmico (Humberto Eco tem grande contribuição nisso) e afirmados como produção séria, especialmente após Art Spiegelman ganhar o prêmio Pulitzer com seu MAUS e Joe Sacco se tornar uma elogiada referência com seu jornalismo em quadrinhos, produzindo obras monumentais como Palestina – Uma Nação Ocupada e Área de Segurança Gorazde. O que esses dois autores conseguiram em termos de profundidade e sensibilidade na representação dos horrores do Holocausto, da Guerra da Palestina e da Guerra da Bósnia é algo impressionante e digno de menção, que vale a pena ser lido.
Entendamos por quadrinhos toda e qualquer forma de representação baseada na exposição seqüencial de desenhos ligados por uma lógica discursiva. Os quadros componentes da história podem ser puramente pictóricos ou apresentar também elementos textuais que representam falas, pensamentos e narrativa em off. Dentro desses padrões, o único limite é a capacidade criativa do autor.
Se eu gosto de super heróis? Claro, alguns. O que eu tenho contra a Turma da Mônica? Nada. Sou um grande fã. Qual minha implicância com O Senhor dos Anéis e O Código da Vinci? Absolutamente nenhuma. São leituras muito agradáveis. Se eu tenho cisma com Hollywood? De jeito nenhum. Adoro me deleitar com os efeitos especiais de última geração e aquelas explosões fabulosas dos filmes de ação. Se eu sou poser? Huumm.. nos termos apresentados, sou sim, absolutamente. A questão não é a crítica pela crítica. Somente acho que não podemos ver o mundo, limitados pelo cabresto. Se não gosta de quadrinhos, tudo bem. Mas tem uma coisinha: se quiser criticar, argumente. Se quiser argumentar, conheça. Se quiser conhecer, leia. Em outros termos: DEIXEM DE SER PRECONCEITUOSOS! IÉ!
César Henrique Guazelli.
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Apenas mais uma tarde de calor

Vou fugir um pouco da minha editoria. Não sei ao certo o motivo. Só sei que precisava escrever algumas linhas sobre isso e publicá-las no Arca Mundo. Tudo começou num final de tarde qualquer. Final de mais um dia insuportável de trabalho. Escutando a insuportável Voz do Brasil, no meio de um trânsito também insuportável. Seria apenas mais uma parada em um dos infinitos sinaleiros de Goiânia se eu não visse a três carros na minha frente uma movimentação de estudantes recém passados no vestibular.
Há três anos atrás era eu quem estava ali. Também pedindo esmolas pra pagar a farra de um dos dias mais felizes da minha vida. Ao contrário dos pedintes por necessidade, fui recebido com muita cortesia por todos que eu abordava. Mesmo se não rolasse grana, sempre eu saía recebendo um sorriso, ou um brinco, ou uma dose de pinga. Enfim, tudo era farra e tudo era válido.
Mas voltando ao meu final de dia insuportável, quando eu vi a movimentação, tratei de separar algumas moedas para dar pra primeira pessoa que aparecesse na minha janela. Eu já havia sentido a mesma felicidade anos atrás. Era a minha hora de retribuir. Via a menina se aproximar cada vez mais do meu carro. Eu com as mãos estendidas na janela e com um sorriso no rosto. Ao chegar no carro da minha frente, a menina virou e voltou pra calçada.
Olhei pro semáforo pra ver se ele tinha esverdeado. Não tinha. Demorou mais algum bom tempo pro sinal abrir. E ninguém veio receber o meu dinheiro. Fiquei tão transtornado que apaguei o carro na hora de sair. Obviamente recebi uma chuva de buzinas. Fingi que não ouvi e segui em frente. Não queria admitir, mas aquilo me abalou mais do que eu imaginaria.
Pra começar, não haveria situação melhor pra coroar um dia frustrante. Tentei imaginar mil motivos pra justificar ninguém ter vindo apanhar meu dinheiro. Mas o único que eu tinha em mente foi a de que eu era um sujeito tão decepcionante que nem a minha grana alguém queria.
- Pra que perder meu tempo ali naquele carro popular prata ocupado por um cara tão comum? – Foi o que eu pensei que tinha passado na cabeça da menina quando ela deu meia-volta e não passou por mim. Foi aquele o dia em que eu mais me senti medíocre em toda a minha vida. E olha que ser medíocre não é ruim. É apenas estar na média das outras pessoas.
O que mais me doeu foi lembrar que há três anos atrás era eu quem estava ali. Com idéias mirabolantes. Planos para fazer diferença nesse mundo e, justamente, não estar entre a multidão de homens voltando do trabalho após mais um dia frustrante, a bordo de seus carros populares. E o problema não é o carro. Provavelmente eu estaria mais feliz se voltasse de bicicleta após uma jornada de trabalho compensadora.
Após esse fato eu passei a questionar os rumos da minha vida. Lembrei-me que o primeiro conto que eu escrevi, “A Renda Preta”, tratava-se justamente de um homem mediano que perdeu toda a vida esperando alguma coisa que nunca chegou. O temor de que aquele homem seria meu alter-ego atormentou-me após esse fato. Devo admitir que parei no primeiro boteco que eu vi e pedi uma cerveja. Também devo admitir que não a bebi. Tudo o que eu precisava era ficar lúcido para não esquecer que eu não estava feliz.
Aos vinte anos, percebi que estava tendo preocupações de gente um pouco mais experiente. Estava mais interessado com o preço do gás, que com a comida que eu iria comer. Mais preocupado com o preço da gasolina do que com a felicidade de sair para encontrar as pessoas que eu gosto. Tudo o que eu sempre mais tive medo em toda a minha vida.
Não quero falar o final dessa história porque ela ainda não chegou ao final. Mas posso adiantar que tomei algumas providências pra que ela não seja igual à do personagem que eu criei. Não sei se surtirá efeito. Porém, o próprio fato de estar escrevendo sobre algo tão íntimo para ser publicado já é um grande passo. Tal atitude seria impensável há alguns meses atrás. Além disso, passar tardes tão agradáveis como a de hoje, acompanhado de pessoas que eu gosto demais já é um grande passo. Já havia alguns anos que as minhas tardes não eram mais minhas. Sem falar que pra essas pessoas certamente eu não sou apenas mais um cara medíocre no mundo. Para elas eu fiz a diferença.
Paulo Henrique dos Santos.
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Seria ótimo! Seria!


Tudo começou numa noite de quarta feira. Noite incrível, aliás! Eu, Eula, Maria Claudia (Arca Mundo), Rafa e Marquinhos (da Comunidade Cinema, Diversão e Arte no Orkut) fomos ao teatro. Assistimos a um monólogo incrível de uma companhia carioca. - A propósito, se algum dia estiverem em qualquer lugar onde esteja em cartaz A Descoberta da América, não percam! É fantástico! - Pois bem, ao final do espetáculo, nos reunimos na casa da Claudinha para beber um bom vinho (um vinho mais complexo, como ela disse) e conversar! Noite agradabilíssima, que se estendeu até a manhã do dia seguinte, com direito a cafezinho e nascer do sol na sacada. É muito interessante como todos temos um voyeur dentro de nós! Vimos o dia nascer observando os transeuntes de seis horas da manhã de um feriado e fazíamos adivinhações e piadinhas: “hummm chegando bêbado a essa hora?” “ A noite foi boa para aqueles dois ali, hein?” (apontávamos pra um casal seminu na sacada do prédio em frente). Conversa vai, conversa vem... surge a idéia mirabolante: Vamos pra Brasília? Olhamos uns pra cara dos outros meio em dúvida do que nosso teor alcólico nos levaria a decidir... mais do que depressa, respondemos: Seria ótimo! Seria! Só não fomos no mesmo dia, porque estávamos sem dormir e não sobreviveríamos à viagem. Mas não seja por isso, amigos empolgados sempre dão um jeito. E marcamos a aventura para o sábado.
Na sexta feira, as mocinhas se encarregaram de dormir na casa da Claudinha. Ah! Nota: As mulheres são sempre mais animadas! Quase todos os homens convidados recusaram ou desistiram da viagem! Sobrou o guerreiro “bendito é o fruto” Marquinhos. (Isso porque a Claudinha não contou pra ele que os outros exemplares masculinos não iriam. Talvez se ele soubesse, desistisse também. Êta machaiada desanimada sô!). Enfim... nos reunimos na casa da Claudinha e, aproveitando a discussão da guerra dos sexos, fomos ver Sex and The City! Os episódios trariam mil discussões pra a minha vida, mas isso já é tema pra outra pauta de umas três laudas.
No dia seguinte, saiu o bonde pra Brasília. Detalhe: O Floquinho foi com a gente. Leia-se: Floquinho = cachorro da Claudinha. Camila = alergia de cachorro. Tive que adaptar meu nariz a uma maratona de espirros sem precedentes. Mas coitado do Floquinho, ele também não tinha culpa... No caminho fomos contando as loucuras de amor que já vivemos. É uma pena que eu tenha dormido durante toda a história da Claudinha em Paris, parecia interessante! Chegamos à Capital Federal! Mortos de fome, claro. Almoçamos num lugar fantástico de comidas orgânicas e naturais chamado Naturetto (sim, a Arca Mundo faz propaganda gratuita de todas as coisas que gostamos!) Talvez isso servisse de inspiração para a Eula, que é responsável pela nossa editoria de Meio Ambiente, mas nunca havia escrito uma pauta sequer! (Acho que deu certo. Tem texto dela nessa edição!) As coisas mais legais de lá, além da comida, claro (torta de ricota, beterraba ao molho de mamão, queijo de búfala, suco de manga com limão, chopp de vinho...), é a geladeira amarela estilo Família Dinossauro com pingüins em cima e a Junkie Box iluminada que toca discos de vinil! O máximo!
Depois do almoço interminável, fomos fazer um tour pela cidade e seguimos ao nosso destino: o Clube de Tênis, um dos lugares da cidade onde acontecia o Festival Internacional de Cinema de Brasília – FIC. Lugar muito bonito, bem decorado, com um café aconchegante e sofás macios. Assistimos a três curtas brasilienses, dos quais não gostamos muito, uma exceção foi Sob o Encanto da Luz (ou algum nome parecido com isso) que foi filmado na Chapada dos Veadeiros, a maior parte embaixo d´água. Tem uma fotografia muito boa e a edição foi muito bem feita!
Depois disso, o ponto alto da nossa viagem: o filme canadense Crazy – Loucos de Amor! Obra maravilhosa que trata da homossexualidade de forma sutil, delicada, bonita, sem ser apelativo, sem ser forçado. Com uma história envolvente, que traz pitadas de humor, que fala de relações, de amores, de família. Saímos todos encantados com o filme. Eu fiquei um pouco em estado de graça ao sair da sala de cinema, me emocionei bastante, confesso que até por outros motivos e a culpa é toda do ator principal! Não é um filme que te faz chorar, mas eu não me importo, gosto de chorar em filmes bonitos! É realmente incrível como uma bela obra consegue nos tocar, nos trazer lembranças, saudades, cumplicidade, adoro o cinema por isso! Pra completar, efervescência cultural total nos esperava do lado de fora: a apresentação de um quinteto de instrumentos de sopro; de dança chinesa; de um grupo de teatro e uma exposição de artesanato fecharam com chave de ouro nossa passagem pelo Clube de Tênis.
Decidimos, então, passar a noite em Brasília. Loucos animados, pois, mal tínhamos onde dormir. Nossa salvação foi Edson Sardinha, que gentilmente nos acolheu em sua kitnet. O passeio então, continuou, nossa próxima parada foi num shopping de decoração. A melhor coisa dele não são os móveis, e sim, uma livraria imensa, de dois andares, onde você acha tudo o que quer! As sessões de cinema e de jornalismo são incríveis, por sinal. Depois disso? Comer, é claro! O melhor do jantar foi o suco de caju, abacaxi e laranja... combinação muito boa! Ao final da super refeição já estávamos todos mortos de cansaço, pedindo cama. Pretendíamos passar num bistrô antes de dormir, mas não conseguimos! A parte cômica da viagem: a Eula resolveu despertar depois do banho e não nos deixava dormir. Estávamos as três mocinhas dormindo juntas na sala do Edson, no seu sofá-cama e a Eula simplesmente não nos deixava dormir. Não, não precisamos dormir de conchinha! Muitas risadas depois, desmaiamos. Com a certeza de que o horário de verão ainda nos acordaria uma hora mais cedo que o previsto, que, por sinal, era cinco da manhã!
Cinco da manhã: a boate da Claudinha desperta e ela não! Se não é o “bentido é o fruto” do Marquinhos pra nos acordar, estaríamos dormindo lá até hoje! O bonde de Goiânia saiu. Novamente com o Floquinho a bordo. Detalhe: ele fez xixi dentro do carro na volta! E pela segunda vez na semana, vimos o sol nascer juntos! Sabe, acho que precisamos nos presentear às vezes com a companhia dos amigos num programa diferente, assim. Foi um fim de semana incrível que, como disse a Claudinha, vai ficar na memória e, apesar de clichê, as nossas memórias não têm preço! Me lembrei do meu primeiro editorial: Subvertam sempre! Taí! Vamos subverter o que essa semana?
Camila Pessoa.
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FILHOS E PAIS


''Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem...'' (Khalil Gibran)



Essa semana fui buscar na sabedoria ancestral de Khalil Gibran a lição do desapego aos filhos, esses seres maravilhosos que enchem nossas vidas de amor, aprendizado e alegria.

É talvez, uma das lições mais difíceis de se colocar em prática. Os pais, em geral, têm a falsa noção de que os filhos lhes pertencem, que nunca se separarão deles. Ledo engano, a separação pode ocorrer muito antes do que se imagina. Para a maioria de nós, pais despreparados para a verdade da vida, é doloroso, muito doloroso.

Os pais freqüentemente constroem suas vidas em torno da vida de seus filhos. Desde coisas simples, como seus horários – se é que pais têm seus próprios horários – até questões mais complexas, como escolhas profissionais. Se vão ao cinema, têm de ser depois que os filhos jantam; se querem férias tranqüilas nas montanhas, têm de colocar os pés nas areias escaldantes de alguma praia da moda, porque filhos adolescentes querem 'ver gente'. Enfim, suas vidas ficam governadas por eles.

''Filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabê-lo?'' Eles nos acordam 5 vezes por noite quando são bebês, não nos deixam cochilar nem por um instante na fase dos 3 aos 7, até a adolescência somos professores, motoristas, babás e, nas horas vagas, cozinhamos para eles. Na adolescência, somos tão somente motoristas – e isso é bem chato – 'mãe: me leva ao shopping', 'mãe: preciso ir à casa da Nat', 'pai: minha aula de ginástica'; 'mãe: tem festa no sábado à noite, não marca nada'. Depois da carteira de motorista, você, que acordava 5 vezes por noite, fica acordada a noite inteira. Quando se mudam, não comem direito, não dormem direito e quando o telefone toca um pouco mais tarde, acordamos alarmados.

Mas os filhos são uma dádiva de Deus – para os que acreditam Nele. Eles nos ensinam o verdadeiro significado da palavra amor. Nos exercitam no altruísmo, arrebentam com nosso egoísmo, eles nos ensinam todos os dias o valor da paciência, da tolerância, da aceitação integral do outro. Filhos nos ensinam que não somos deuses, e, portanto, não temos controle sobre tudo o que acontece na vida. Filhos são um pedaço de nós com personalidade própria. São nossa estória escrita diferente, e, em alguns momentos, tão igual que chega a assustar.

Eles fazem parte de nossas vidas, mas não nos pertencem, têm vida própria, tomam decisões, fazem escolhas. Só nos cabe alertá-los das conseqüências e apoiá-los em suas decisões.

''Mãe: Tomei uma decisão. Não me adaptei, vou voltar para Brasília no ano que vem. Vou morar com meu pai.'' (V., 11 anos)
''Mãe: Não gosto daqui. Vou morar com meu pai.'' (I., 14anos)
Maria Claudia Cabral.
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“Eu choro em finais tristes!”


Este é o título de uma das comunidades do orkut que falam das milhares de pessoas choronas nos finais de filmes comoventes.

Feriado longo e a falta de dinheiro. Estes foram os motivos para que eu fizesse um programa barato e que desse prazer! Assistir filmes. Mas um problema surgiu na locação. Será que na Cine Marista teria algum filme que consolasse o fato de eu não ter saído de casa no feriado? Consegui alguns nomes bons: 21 gramas, Menina de Ouro, Diários de Motocicleta, O Declínio do Império Americano e Invasões Bárbaras. Eu teria quatro dias para assisti-los, afinal, na quarta-feira havia gastado quase todo meu dinheiro com algumas cervejas, na companhia boa dos amigos.
Comecei no dia seguinte com Diários de Motocicleta. Um bom filme. Porém, à noite, não resisti ao convite de beber, com os mesmos amigos, algumas bohemias. No bizarro boteco, convidei uma amiga para dormir na minha casa, para que no dia seguinte pudéssemos assistir a algum dos filmes. Ela topou o convite.
Acordamos às dez horas dispostas a ver Menina de Ouro. O filme rolava. Nós duas ficamos, de alguma forma, presas às lutas de Box, à luta da personagem principal para ser alguém na vida e em tantos outros dramas emocionais!
Quando o Lisandro - nosso professor de cinema - falava incansavelmente sobre a tal da identificação entre personagem e espectador no filme hollywoodiano, eu não me imaginava tão suscetível ao conceito. Nas suas aulas, eu sempre dizia: “Ah...Já sei que tudo que vejo foi pensado pra me atingir, então eu não choro no final desses filmes!”
A Pessoa e eu “quebramos a cara” com essa história. O filme de Eastwood nos colocou ao lado de Magg, a personagem principal. Fomos capazes de parar o dvd quando o nariz da moça é quebrado no meio da luta. Minha amiga, que tem horror a sangue, mesmo tendo consciência de que aquele líquido vermelho nem fosse sangue mesmo, quase passou mal. Mas quando digo “quase” é porque, de fato, começamos a gritar ao ver a cara da personagem esmurrada brutalmente.
A experiência de se colocar junto às cenas ficou muito clara nesse dia. O dono da academia era ressentido. Sim, ele era! Nós duas víamos, nas centenas de cartas devolvidas que ele enviava à filha, um dos motivos para isso. Quer dizer, passamos a justificá-lo enquanto carrancudo. Ou então, passamos a dizer: “que mulher bruta essa Magg”, ao vê-la nocautear tantas lutadores e sempre no primeiro round!
Mas, a propósito, o que é se identificar com um personagem? Ou conseguir botar o espectador dentro de um filme? Eu pensava que tinha a resposta... Bem, o Edgar Morin diria que “a identificação constitui a alma do cinema”. Eu diria que a minha (ou a nossa) participação afetiva, embriagante, em Menina de Ouro, há muito não acontecia, afinal de contas, as aulas de cinema me diziam que espectadores “normais” é que tem um olhar domesticado e blá blá blá. Ou seja, se estudantes de jornalismo, por exemplo, sabem que tudo é feito sob medida para o espectador, não existe um motivo lógico para que a gente caia nesse “apelo emocional” das indústrias de cinema hollywoodiano. “Então, onde você está, Maraísa?” – indagou a minha afetividade.
Vi que eu estava ao lado das pessoas comuns que vão ao cinema – com a sorte de ver um Menina de Ouro, por exemplo. Tudo isso, porque, não deixamos de ser menos humanos quando a racionalidade dos estudos nos invade a cabeça. Não deixamos de nos compadecer ou de nos identificar, exatamente porque somos constituídos de algum amor. Perdido em nossa alma, confesso! Mas bons diretores, como Eastwood, podem botar à tona um restinho de emoção que camuflamos frente à dureza do aqui e agora. Ah...Outra lição: mesmo que hollywoodianos, alguns filmes devem ser pacientemente assistidos. Nem que seja pra que possamos constatar que a identificação teve sucesso conosco, meros mortais.
E o feriado continuou com mais filmes...
Maraísa Lima.
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Ambiente Inteiro


Vamos parar de aceitar um ambiente pela metade


Muita gente pensa que comer orgânicos é só uma questão de saúde; que não jogar papel no chão é só uma forma de ser educado; que abastecer no posto da Petrobrás é só uma ideologia barata e que muitas outras coisas são só detalhes indiferentes e imperceptíveis para a humanidade.
Ações ecologicamente corretas podem ser realmente indiferentes à humanidade, mas não imperceptíveis. A grande maioria não considera relevante a preocupação com o meio ambiente e, por isso, julgam o papel dos ambientalistas e ecologistas como devaneios. No entanto, esses mesmos devaneios, em conjunto, são a grande possibilidade de perpetuação do homem no planeta.
Insistir em educação ambiental, assim como, em defender a sustentabilidade e as políticas públicas ambientais é criar condições para a sobrevivência da humanidade. A nossa futura geração não merece se extinguir em conseqüência de nossas atitudes impensadas e irresponsáveis.
A completude e o equilíbrio harmônico existente no meio-ambiente é dependente do papel de cada um. Os indivíduos são responsáveis pela criação de um “ambiente inteiro”, que englobe a todos e ofereça condições iguais de consumo e usufruto.
Então, para que cada um comece a defender a sua casa, tenho umas boas dicas:
* Conheça a Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (Adao) – não se incomodem com a propaganda, pois não escondo minhas preferências. A associação comercializa alimentos produzidos sem agrotóxico e contribui com os pequenos produtores de orgânicos. A agricultura orgânica consiste em uma prática economicamente sustentável, que se preocupa com o legado cultural e com a perpetuação das terras. A feira da Adao ocorre todas as terças-feiras, na praça Cívica, na esquina da Rua Araguaia, no Ministério da Agricultura.
* Desenvolva idéias e projetos aliados à responsabilidade sócio-ambiental. Toda atividade deve acompanhar esse novo paradigma científico da ecologia.
* Proponha textos e pautas para esta editoria de meio ambiente, nada como a democracia para a perpetuação e efetuação de uma ação ambiental.
Eula Lôbo.
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