domingo, 9 de dezembro de 2007

“Síndrome do Fantástico”... Blues of Baby...

Era o ano de 2000. Eu já havia passado pelos dois primeiros semestres de meu Mestrado em Educação quando, junto com minha orientadora e alguns militantes e amigos do MST de Pernambuco, tocamos adiante um ousado Projeto: o de realizar o “I Estágio Interdisciplinar de Vivência em Assentamentos da Reforma Agrária de Pernambuco”.

Conseguimos reunir estudantes de filosofia, educação física, pedagogia, assistência social, direito, história, agronomia e até estudantes secundaristas (da antiga Escola Técnica Federal).

Nesta oportunidade, conheci uma pessoa que veio de Brasília, só para participar de nosso estágio de vivência. Ela tocava um violão fabuloso e cantava divinamente... Seu nome era Juliana e, carinhosamente, a chamava de Baby.

Acabamos nos aproximando e topando construir um momento de carinho recíproco em nossa pequena oportunidade de convivência sentimental.

Uma semana depois do estágio de vivência, passamos, com mais alguns amigos, um final-de-semana na Ilha de Itamaracá, regado a caminhadas, viola, conversas até altas horas da noite e carinho... após isso, nossas vidas pessoais tomaram seus rumos devidos, eu em Pernambuco, ela em Brasília.

Desta história, ficou uma música. Não foi apenas uma “música para Juliana”. Foi uma canção que sintetizou, também, o que vivenciamos enquanto militantes, enquanto pessoas que querem construir um mundo e uma sociedade diferente, um homem e uma mulher novos. Uma canção que sintetizou nossos estudos durante aquela atividade interdisciplinar, com os nossos pés verdadeiramente postados em solo agrário. Uma canção...

Apresento “Blues of Baby”.

“A fogueira iluminando a escuridão do dia chegando/ Seus olhos desnorteiam meus olhos com a sua voz./ Passarelas sobre o mar,/ não se onde querem chegar./ Paranoá-atlântico, cercania viva do meu novo lar.../ Esquina perto do cais./ Estradas onde ando mais.

Baby, será que estamos na barca certa?/ Baby, então, quem a guiará ao mar?/Baby, eles não virão de longe para nos buscar./ Não sei quem são.

Será que seriam os retirantes com seus filhos e os calos da enxada?/ Ou será que seriam os louros, cegos filhos da Pátria Amada?/ A fogueira e seus conselhos resgataram os sentimentos de nossos corações./ É p’ra nada?

Baby, aquela bossa não vai terminar?/ Baby, nossos gritos infinitos queriam ecoar até a lua./ Baby, precisamos levá-los ao seu lugar.

Onde toda sua voz popular possa dar sentido aos meus poemas progressivos./ Onde meus poemas progressivos possam ter sentido para Deus e seus dilemas./ Onde seus dilemas furtem a fome e o poder de seus fantasmas./ Crianças nuas numa roda/ em nossa música vão voar.

Crianças, que vão buscar suas asas p’ra voar./ Poemas, que vão buscar suas asas p’ra voar./ Baby, pegue suas asas p’ra voar”.

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

P.S.: Sim... a letra está registrada em cartório e, neste espaço, reitera-se os “direitos autorais”... Um dia, quem sabe, possamos escutá-la juntos...