domingo, 4 de novembro de 2007

“Síndrome do Fantástico”... O racismo II...

“Socialismo ou Barbárie!”
(Rosa Luxemburgo)

Há cerca de duas semanas fiz um comentário sobre a publicação de um pseudo cientista (e seu não-pseudo Prêmio Nobel por sua descoberta da seqüência genética), quando o mesmo afirmava publicamente que os “brancos” eram mais inteligentes que os “negros”... Dentre outras angústias, me preocupava o caminho que, cada vez mais, leva a humanidade ao “caminho sem volta” – ou o que preconizou Rosa Luxemburgo, na epígrafe acima. A manifestação em questão leva a humanidade ao risco de legitimar frases do tipo “o Brasil não é o Piauí”...
Durante aqueles dias, reitero, a mídia se comportou do tamanho de sua sinceridade, do tamanho de sua imparcialidade: muito pequena!
Naquela oportunidade, recordava um belíssimo texto assinado pelo Subcomandante Marcos ante a uma possível “descoberta” da direita oportunista (bem ao nível das descobertas racistas do Nobel Watson) de que existia, no meio dos revolucionários zapatistas, um “maricas revolucionário”.
Reproduzo, abaixo, o texto gentilmente cedido por Décio Mello e Regina Garbelline da Editora A Tribo. Reproduzo para contribuir com seu eco...

"Em abril de 1994, o São Francisco Chronicle referiu-se ao subcomandante Marcos, voz dos zapatistas revolucionários em Chiapas, México, dizendo que tinha trabalhado num restaurante de São Francisco, mas que havia sido despedido por ser gay. A imprensa governamental do México lançou-se no ar: Um maricas revolucionário! Os Zapatistas responderam com o seguinte comunicado: Marcos é um gay em São Francisco, um negro na África do Sul, um asiático na Europa, m chicano em San Isidro, um anarquista na Espanha, um palestino em Israel, um índio maia nas ruas de San Cristóbal, um judeu na Alemanha, um insurrecto no Ministério da Defesa, um comunista no pé da Guerra Fria, um artista sem galeria nem portfólios, um pacifista na Bósnia, uma dona de casa só num sábado à noite em qualquer bairro do México, um repórter escrevendo histórias que enchem as páginas negras, uma mulher solteira às dez da noite, um camponês sem terra, um trabalhador desempregado, um estudante fracassado, um dissidente no meio da economia de livre-mercado, um escritor sem livros nem leitores, e, sobretudo, um zapatista nas montanhas do sudeste do México. Assim é Marcos, tão humano como qualquer outro neste mundo. Marcos é todas as pessoas exploradas, marginalizadas, as minorias oprimidas, resistindo e dizendo ‘Basta!’ – El Despertar Mexicano”

Que este belo texto, este magnífico comunicado dos revolucionários zapatistas, mesmo para aqueles e aquelas que silenciam-se ante à ditadura não mais simbólica do hemisfério norte (sobretudo os EUA) e ironizam os movimentos pré-revolucionários dos estados soberanos, sobretudo os latino-americanos, possa ressoar em seus corações e valores... Ou, no mínimo, os façam perguntar: “porque nossa mídia foi tão medíocre neste assustador silêncio racista?”.

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

Obs.: reitero que o texto em itálico foi subtraído do Livro A Tribo (uma agenda-livro produzida pela Editora A Tribo). Sobre as demais palavras, lembre-se de mim se for reproduzi-las...