Com força e com vontade
A felicidade há de se espalhar
Há de mudar os homens
Antes que a chama apague
Antes que a fé se acabe
Antes que seja tarde.
(Ivan Lins e Vitor Martins)
Esta semana fui surpreendida por uma indagação curiosa. Um amigo especial queria saber com que livros fiz minha receita de felicidade. Isto porque quando nos conhecemos, afirmei que me considero uma pessoa feliz. Haverá receita de felicidade?
Refleti um tiquinho sobre o meu sentido de felicidade. Acho que qualquer coisa que eu diga vai soar muito clichê. O fato é que, sendo ''clichê'' ou sendo acadêmica, a noção de felicidade passa pela noção de amor, portanto, farei uma viagem indo do teórico ao empírico, e quem quiser que conte outra.
Falar de felicidade é lembrar de Ortega y Gasset, filósofo espanhol do século XX. Acho fantástico como ele coloca o amor no centro das coisas, como mola propulsora. Acho interessante o seu ''eu sou eu e minhas circunstâncias'', que eu diria ''eu e minhas possibilidades''.
Falando em possibilidades, não poderia deixar de citar o ótimo documentário, que assisti recentemente: ''Quem somos nós?'' Afinal, é ciência - portanto ainda estamos na academia - física quântica, a física das possibilidades e a nossa capacidade de criar realidade. O meu sentido de felicidade passa pela idéia de escolha, de optar por criar a felicidade dentro e em torno de mim.
Mesmo não sendo afeta a livros de auto-ajuda ou fórmulas prontas, citaria algumas frases, que embora bastante clichês – não há como fugir - são verdadeiros ''mantras sagrados'' no caminho da felicidade que criei para mim. Ei-las:
1. A dor sempre vai existir, o sofrimento é opcional; Eu escolhi aceitar a dor, quando inevitável, mas escolhi também não sofrer. Como diria Roberto Shinyashiki, ''Ter problemas é normal, ser derrotado por eles é opcional''.
2. A felicidade depende exclusivamente de mim, de mais ninguém.
Essa é uma de minhas prediletas, porque realmente acredito que nossa felicidade afetiva não está nas mãos de outra pessoa, seja amigo, namorado, marido, seja quem for. A responsabilidade por nossa felicidade está em nossas mãos. Não é justo transferí-la para os ombros de outro.
3. Sou responsável por minha vida, por minhas escolhas, por meus sentimentos e por meu comportamento diante da vida. Só posso mudar a mim mesmo. Mudar a mim mesmo é escolher mudar minha atitude diante da vida, e isso já é um passo bem grande (e difícil).
Aqui vale uma observação: Sou dona das minhas ações, das minhas escolhas, mas não sou Deus. Isto significa que não tenho o controle de tudo a minha volta, ao contrário, tenho governabilidade sobre nada, salvo minha forma de reagir aos fatos. Isto é muito importante, ajuda a evitar a ansiedade. Tendo feito minha parte, aguardo os acontecimentos.
4. Ninguém dá aquilo que não tem. Amar-se é fundamental, só então posso realmente amar outra pessoa.
5. Sou minha melhor companhia. Se eu não me acho uma boa companhia, como posso esperar que os outros gostem de estar comigo?
6. Faço coisas inéditas, extraordinárias, ao menos uma vez por ano.
Resolvi fazer coisas extraordinárias no Reveillon de 2003. Decidi que no Reveillon de 2004, em lugar de estar na frente da TV assistindo a queima de fogos no Rio, eu correria a São Silvestre. Preparei-me durante todo o ano de 2004, e no dia 31 de dezembro, lá estava eu – uma ex-sedentária – correndo os 15km do percurso da 80ª São Silvestre. Cruzei a linha de chegada, depois de 1h53min da largada, exausta, na presença de milhares de pessoas que aplaudiam os grandes vencedores daquela prova. E entre eles, estava eu, que venci minhas próprias limitações. Acreditei, investi e realizei algo extraordinário. Dali em diante tenho feito isso sempre, ao menos uma vez por ano realizo algo inédito em minha vida.
5. Auxiliar os outros é uma grande forma de ser feliz. Vale a pena experimentar.
O que mais posso dizer? Não sei, sinceramente sou Maria Cláudia, não sou Dalai Lama. Não sou perfeita, estou longe disso. Ainda tenho um longo caminho a percorrer. Estou percorrendo o caminho, ''porque o caminho só existe quando a gente passa''.
''Acho que a 1ª vez que nos falamos, você disse que era feliz.''(Um amigo, 20 de novembro de 2006).
"Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito". "Ela é feita de pequenas coisas". (Roberto Shinyashiki)
Maria Claudia Cabral
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6 comentários:
Outra coinciência foi termos discorrido, Maria Cláudia e eu Maria Clara, sobre caminhos e caminhadas... Parece que nosso sentimentalismo corre, em vários sentidos, seja pela direção que segue ou pela significação que assume. Ótimo texto: que possamos andar sempre rumo à felicidade!
nossa, idéias a 1000, por aqui, ham? =]
acabei de chegar, tenho mta coisa pra ler.. mas já de cara, adorei o cantinho, as idéias e tals =D
bjão pra vc, e tb pros seus amigos escritores q fazem esse lugar tão interessante!
;*
Felicidade é sorrir que nem bobo na quando lê umas letrinhas e viajar ..... bjs
visto com mais clareza, depois de excelente abordagem.
e do teórico ao empírico, às vezes se encontra no miudo, no subliminar, no tão simples.
já preparando a massa. às massas.
Eu disse a alguns amigos que a minha felicidade é ter paz interior. Causou um certo frenesi em alguns, mas hoje, após idas e vindas em meio às intempéries da vida, quando nos encontramos, eles, depois de algumas taças de tinto, acabam concordando comigo, não sei se pela amizade ou pq estão precisando de paz, ou ainda pelo vinho.
Me fez lembrar do seguinte trecho:
"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada. " Fernando Pessoa
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