terça-feira, 21 de novembro de 2006

A Menina e o Gato.


...Era uma vez, num reino muito distante, uma Menina levada e inteligente. Ela sabia de tudo e sobre tudo perguntava. Se alguém sentava ao seu lado, ela logo indagava o nome, a profissão, a cor favorita. Tão esperta a menina, que ninguém resistia a uma boa prosa com ela.

Um dia a Menina viu um gato. Ela nunca havia tomado contato com gatos. Ficou tão curiosa, tão intrigada. Interessou-se imediatamente por compreender o gato. Queria conhecer o que é um gato. Aproximou-se devagar, num misto de vontade e receio. Os gatos mordem? Eles podem machucar? - perguntava a criança a si mesma

O gato a olhava fixamente, parecia adivinhar suas intenções. Observador e cauteloso, o gato a olhava. Ela sorria, gostava da idéia de entender o gato, se é que é possível entender gatos.

Ela se moveu lentamente em direção ao gato, foi estendendo sua mãozinha pequena e curiosa. O gato a olhava. Ele se aproximou um pouco mais, parecia também querer conhecer a criança. O gato conhecia meninas, mas talvez – nunca se sabe o que passa na cabeça de um gato – quisesse saber sobre cada menina. Quis, talvez, conhecer essa Menina. Quem sabe?

Tranqüilamente ele se aproximou um pouco mais. A Menina, não entendendo o gato, com olhos fixos, retrocedeu um tiquinho, mas ela queria muito desvendar o mistério do gato. Então, aproximou-se só um pouquinho. Ele permaneceu.

O gato aproximou-se um pouco mais. Ele chegou a tocá-la, ela saltou e soltou um gritinho – misto de susto e de alegria – por sentir finalmente o gato na ponta dos dedos. Ele assustou-se, recuou.
Ela já não era mais a mesma menina, havia tocado o gato, embora não entendesse um gato. Queria tocá-lo novamente, queria sentir um pouco mais sua textura, seu cheiro, se pudesse, queria provar seu gosto! Queria saber o gato, como saber um gato?

Foi então que, cuidadosamente, aproximou-se de novo – pulsavam, ainda e mais, o medo e a vontade de sabê-lo. A Menina lançou-se em direção ao gato. Ele, imediatamente, ronronou algo que ela não pôde compreender. Ela assustou-se. Ficou ali parada sem entender. Olhinhos fixos no gato. E o gato, olhos fixos nela, virou-se e lentamente saiu. Ela chamou o gato e ele a olhou com desdém.

A Menina até aquele momento não conhecia tal indelicadeza e não entendia o que havia feito de errado. Não quis mais brincar com gato. Também virou-se e saiu batendo pés, olhinhos marejados por causa do gato-bobo. Humpf...

Sua mãe tentou, sem sucesso, explicar-lhe que gatos são assim mesmo, arredios às vezes, mas são muito boas companhias. Disse que ela devia rir da reação do gato, porque quando um gato permite que uma menina o conheça e presta-se a conhecer a Menina, são os melhores amigos de tooodo o mundo. Seu pai, por outro lado, dizia: - Esqueça esse gato, minha filha, ele é só mais um gato-bobo. Que tal brincar de outra coisa. Há tantas outras coisas interessantes no mundo, porque você cismou com esse gato?

A criança teimosa continuava lá, tentando saber o gato.

'' Desarme-se. Amar faz bem para a alma, para a pele e para o cabelo.'' (Uma jornalista, em 17 de novembro de 2006).

'' O que é amar?'' (A criança, hoje e sempre)

Maria Claudia Cabral.

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4 comentários:

Anónimo disse...

Este texto requer uma análise profunda, considerando inclusive questões linguísticas do Gatonês.

Anónimo disse...

Eu gosto de gatos. Eles não ficam fazendo tudo que a gente manda, como os cachorros, e são cheios de pequenas manias engraçadas. Para se aproximar de um gato, você precisa ganhar a confiança dele. Não é só ir chegando, passando a mão e levando pra casa... ;-)
Beijo, Claudinha!
Marco.

Anónimo disse...

Oi, Claudinha! Adorei o texto! Você sempre surpreendendo, né, danadinha?

Grande abraço saudoso,

Arnaldo.

Anónimo disse...

Vou ter de mudar de profissão... Claudinha que tal você virar jornalista? Beijão

PS: concordo com o Arnaldo!! Você está sempre surpreendendo!!