segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Palavras são palavras...

PALAVRA. s.f.1. unidade da língua escrita, situada entre dois espaços em branco, ou entre espaço em branco e sinal de pontuação. 2. GRAM. unidade pertencente a uma das grandes classes gramaticais, como substantivos, verbos, adjetivos,etc; vocábulo.3.GRAM vocábulo ('unidade que se agrega').4. LING.EST. para o estruturalismo norte-americano, unidade mínima com som e significado que pode, sozinha, constituir enunciado; forma livre mínima, vocábulo.5. manifestação verbal escrita, declaração. (...) Houaiss.
Minha amiga Priscila, mulher letrada, jovem intelectual da mais alta estirpe e poeta sensível costuma dizer que na tessitura de um texto há que se ter cuidado artesanal na seleção das palavras. A precisão na escolha é fundamental para a boa expressão de idéias e sentimentos. O próprio vocábulo tem diversos significados no dicionário. Conhecer, portanto, ou consultar o léxico em momentos cruciais é fundamental.

No entanto, a consulta ao dicionário por quem escreve não garante, por si só, a boa compreensão da mensagem. Por vezes é necessário também que o leitor o faça, a fim de uniformizar a compreensão. Isto porque, há sentidos ocultos nas palavras. Sentidos contextuais, sensos que são obtidos a partir da história que permeia a relação que a palavra adorna ou a forma com que é posta.

O sentido daquilo que se vê - ou mais precisamente se lê – vai além do significado semântico, é construído não só a partir da história de quem escreve, para quem escreve, porque escreve, como escreve, assim também pela história de quem lê e como lê. A leitura é o exercício de desconstrução do texto - ou da mensagem. Quais os significados daquela palavra escrita na situação? Que anseios ela encontra, que expectativas ela frustra?

Por vezes, diria ‘não raro’, ao escolher uma palavra opta-se por aquela que aos olhos do leitor subverterá o sentido da mensagem. Ou ainda, mais comum, causará ambigüidade, semeará a dúvida. Ao autor da mensagem parece claro o que se quer transmitir, ao leitor pode vir a causar mal-entendidos.

Exemplo disso vivi hoje, no trabalho. Eu disse: ‘...mas tal sugestão não inviabiliza a reunião de amanhã’. No mesmo instante fui surpreendida quando o autor da sugestão me respondeu: ‘... eu não quis inviabilizar a reunião’. Não, de fato não quis. Tampouco, do meu ponto de vista, minha sentença disse que ele o quis. No entanto, para ele, o mero uso da palavra ‘inviabilizar’ já causou a frustração de uma idéia.

Poderia eu, ter dito: ‘ mas tal sugestão agrega sentido ao tema da reunião de amanhã’, o que tornaria a mensagem melhor acolhida pelo interlocutor. Inviabilizar tem um sentido negativo, enquanto agregar sugere incorporação, acolhimento, recepção. A palavra e suas conseqüências.





‘’Olha, coisas inusitadas acontecem...’’ (SMS, hoje)
Maria Cláudia Cabral
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2 comentários:

Blog da Confraria disse...

É bom ver a Claudinha em profunda ebulição. Eu li cada linha e não tenho palavras para colocar minha profunda admiração e o gosto de ver o blog outra vez ativado.

Marcelo "Russo" Ferreira disse...

Nossa Lingua Portuguesa!!!!!!