Contos de Primavera é um filme suave, sutil. O cineasta Erick Rhomer trata de relações humanas, de sentimentos e de coisas cotidianas de uma forma muito natural, acompanhando a vida de suas personagens à distância, como se estivesse as assistindo, sem participar de suas ações.
O filme conta a história de Jeanne e de Natasha, duas pessoas que se conhecem por acaso em uma festa e se tornam amigas rapidamente. Jeanne é uma professora de filosofia muito comunicativa e sozinha. Se vê desabrigada quando empresta seu apartamento pra uma prima e não deseja permanecer no apartamento do namorado, enquanto este está ausente. Natasha é uma jovem tão solitária quanto a amiga. Filha de pais separados, mora praticamente sozinha, uma vez que o pai está sempre com a namorada, que por sinal, Natasha detesta. Dessa maneira, a garota começa a ver na amiga, uma possível substituta para a namorada do pai e, aparentemente tenta fazer de tudo para aproximá-los.
O filme se baseia no discurso. Os diálogos são mais recorrentes e mais importantes que as ações. Muito se fala de filosofia, de relacionamentos, de sentimentos, de carências, de solidão, em vários jogos de palavras. E é exatamente através dessas falas que as personagens se revelam. Entretanto essas revelações são parciais. Como na vida real, não se sabe se o que uma pessoa diz é sincero e verdadeiro, ou se é uma imagem oportunista que ela quer passar de si mesma. Assim são as personagens de Rhomer: ora se mostram ingênuas e carentes, ora oportunistas e maquiavélicas.
Jeanne e Natasha falam muito de si, se entregam e confiam muito uma na outra, apesar de terem acabado de se conhecer. Surge uma cumplicidade entre elas, uma busca por saciar seu desejo de companhia, de ser o centro das atenções, de romper com a solidão. Ambas dão pouca importância ou quase nenhuma a seus respectivos namorados, tratando de forma egocentrista de seu universo particular. São personagens ressentidas com suas próprias vidas, e que, exatamente por isso, não conseguem falar de outra coisa.
Podemos afirmar que é um filme que trata sutilmente do universo feminino e de seus conflitos. As personagens principais são mulheres: fortes e fracas ao mesmo tempo. E outras personagens femininas assumem papel importante na trama, como Eve, a namorada do pai de Natasha ou sua mãe, da qual ela sempre lembra com críticas e melancolia. Enquanto isso, os homens assumem papel secundário na trama e se resumem em ser a razão dos problemas femininos. Por vezes, um toque de lesbianismo fica no ar.
Contos de Primavera, que faz parte da série intitulada Conto das Quatro Estações, traz muito da primavera que sugere no título. Apesar dos conflitos, as cenas da casa de campo no jardim florido, as cores suaves da fotografia, a sutileza com que é contado... tudo lembra a leveza da primavera.
O filme segue uma estrutura de causa e conseqüência ininterrupta, desde o momento em que Jeanne e Natasha se conhecem, até o desfecho da história do colar que havia desaparecido, sempre com uma coisa levando a outra. Apesar disso e de ter uma história facilmente compreensível, não é um filme clássico. É uma narrativa moderna, que desenvolve com naturalidade a trama das personagens sem querer emocionar ou explicar demais as coisas.
O final em aberto sugere a continuação da vida daquelas pessoas de uma maneira cotidiana, que dali pra frente pode ser diferente, exatamente porque uma cruzou o caminho da outra e isso deixou marcas; ou pode continuar seguindo seu curso normal, sem que nada se modifique, fazendo daquela história uma mera lembrança. Dualidade que acontece diariamente em nossas vidas. Trata-se de uma trama comum, com um roteiro simples e muito bem contada.
O filme conta a história de Jeanne e de Natasha, duas pessoas que se conhecem por acaso em uma festa e se tornam amigas rapidamente. Jeanne é uma professora de filosofia muito comunicativa e sozinha. Se vê desabrigada quando empresta seu apartamento pra uma prima e não deseja permanecer no apartamento do namorado, enquanto este está ausente. Natasha é uma jovem tão solitária quanto a amiga. Filha de pais separados, mora praticamente sozinha, uma vez que o pai está sempre com a namorada, que por sinal, Natasha detesta. Dessa maneira, a garota começa a ver na amiga, uma possível substituta para a namorada do pai e, aparentemente tenta fazer de tudo para aproximá-los.
O filme se baseia no discurso. Os diálogos são mais recorrentes e mais importantes que as ações. Muito se fala de filosofia, de relacionamentos, de sentimentos, de carências, de solidão, em vários jogos de palavras. E é exatamente através dessas falas que as personagens se revelam. Entretanto essas revelações são parciais. Como na vida real, não se sabe se o que uma pessoa diz é sincero e verdadeiro, ou se é uma imagem oportunista que ela quer passar de si mesma. Assim são as personagens de Rhomer: ora se mostram ingênuas e carentes, ora oportunistas e maquiavélicas.
Jeanne e Natasha falam muito de si, se entregam e confiam muito uma na outra, apesar de terem acabado de se conhecer. Surge uma cumplicidade entre elas, uma busca por saciar seu desejo de companhia, de ser o centro das atenções, de romper com a solidão. Ambas dão pouca importância ou quase nenhuma a seus respectivos namorados, tratando de forma egocentrista de seu universo particular. São personagens ressentidas com suas próprias vidas, e que, exatamente por isso, não conseguem falar de outra coisa.
Podemos afirmar que é um filme que trata sutilmente do universo feminino e de seus conflitos. As personagens principais são mulheres: fortes e fracas ao mesmo tempo. E outras personagens femininas assumem papel importante na trama, como Eve, a namorada do pai de Natasha ou sua mãe, da qual ela sempre lembra com críticas e melancolia. Enquanto isso, os homens assumem papel secundário na trama e se resumem em ser a razão dos problemas femininos. Por vezes, um toque de lesbianismo fica no ar.
Contos de Primavera, que faz parte da série intitulada Conto das Quatro Estações, traz muito da primavera que sugere no título. Apesar dos conflitos, as cenas da casa de campo no jardim florido, as cores suaves da fotografia, a sutileza com que é contado... tudo lembra a leveza da primavera.
O filme segue uma estrutura de causa e conseqüência ininterrupta, desde o momento em que Jeanne e Natasha se conhecem, até o desfecho da história do colar que havia desaparecido, sempre com uma coisa levando a outra. Apesar disso e de ter uma história facilmente compreensível, não é um filme clássico. É uma narrativa moderna, que desenvolve com naturalidade a trama das personagens sem querer emocionar ou explicar demais as coisas.
O final em aberto sugere a continuação da vida daquelas pessoas de uma maneira cotidiana, que dali pra frente pode ser diferente, exatamente porque uma cruzou o caminho da outra e isso deixou marcas; ou pode continuar seguindo seu curso normal, sem que nada se modifique, fazendo daquela história uma mera lembrança. Dualidade que acontece diariamente em nossas vidas. Trata-se de uma trama comum, com um roteiro simples e muito bem contada.
Camila Pessoa.
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