segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Alternâncias e Permanências


A eleição para Presidente da República pode estar mais decidida do que poderíamos pensar, e longe de uma virada nas urnas. A pesquisa IBOPE divulgada no último dia 20 no Jornal Nacional indicou que Lula tem 24 pontos de vantagem sobre Geraldo Alckmin. Lula obteve 62% dos votos válidos, e Alckmin totalizou 38%. De fato, as pesquisas devem estar refletindo o que foi mostrado pelos candidatos no debate promovido pelo SBT semana passada. O único aspecto relevante do debate foi o esforço de Geraldo Alckmin para se mostrar um candidato diferente de Lula, e não foi bem sucedido.
Lula cresceu porque os eleitores não enxergam grandes diferenças entre um candidato e outro e, por via das dúvidas, tendem a votar no candidato que já ocupa a Presidência, como sugere um dos refrões da campanha de Lula. A queda nas intenções de voto de Alckmin mostra que esses eleitores já optaram pelo candidato do PSDB, mas agora se voltam para o outro lado.
Alem disso, Alckmin se beneficiou com as críticas à Lula feitas por outros candidatos no primeiro turno, como Heloisa Helena e Cristóvão Buarque. Agora, o candidato do PSDB está sozinho e tem dificuldades em fazer críticas tão pertinentes quanto às dos ex-petistas. Lula é o candidato que tem a cara do povo e, por mais criticável que tenha sido seu governo, é o que de mais parecido o Brasil conheceu como um governo popular. Outra razão pela qual Alckmin tem problemas é que a vida das pessoas melhorou durante o governo Lula. Os mais pobres comem mais e gastam menos, e ainda sobra para pagar prestações de eletrodomésticos.
O grande problema é que, na verdade, Alckmin não se diferencia, porque ainda não conseguiu mostrar um projeto próprio de país. O PSDB, que governou com Fernando Henrique Cardoso de forma neoliberal, não consegue mais retornar ao posto de defensores da social-democracia. Porque, como social-democrata, o governo Lula se afastou da luta de classes e, afora os escândalos de corrupção, anda muito bem, obrigado. Alckmin só promete fazer o que Lula também fez, e aí o eleitor provavelmente vai preferir ficar com o certo, deixando o duvidoso de lado. Sem mostrar o país que quer construir Alckmin, vai enfrentar problemas sérios nessa reta final.


A Reviravolta em Goiás

Em Goiás tudo indica que a eleição para o governo também não reserva surpresa. Não basta o esforço que os analistas políticos estão fazendo para explicar o fato de Alcides Rodrigues passar para o segundo turno em primeiro lugar e abrir uma boa vantagem em relação a Maguito Vilela.
É preciso lembrar que esta campanha eleitoral está sendo atípica em diversos sentidos. A lei mais rígida em relação à campanha de rua e o descrédito dos políticos fizeram com que o eleitor decidisse com convicção seu voto apenas no último momento. Predominou o herói outrora desconhecido, o “escudeiro” de Marconi Perillo.
Nesse segundo turno, provavelmente o eleitor também deve decidir seu voto no último momento, mas Alcides com certeza goza de vantagem pela sua virada nas urnas, pelo uso da máquina administrativa do Estado dentro da campanha e pela presença de Marconi Perillo associada à sua imagem.
Já o candidato Maguito Vilela começou as eleições de “salto alto” e esse fator pode ter sido o que o fez perder dez pontos percentuais em três semanas. O PMDB não teve uma presença forte na campanha porque achou que a eleição já estava ganha. E por fim, a ausência na campanha do principal cabo eleitoral do partido, o prefeito Íris Rezende.
A estratégia de Maguito mudou. Agora ele se apresenta como uma figura humilde no programa eleitoral, mas talvez seja tarde demais para mudar a situação. Ao colar sua imagem à de Marconi, Alcides Rodrigues deve obter os mesmos votos. O instituto SERPES divulgou que se a eleição fosse hoje, Alcides teria 58,1% dos votos totais e se crescer mais de 3 pontos percentuais até a eleição, pode bater o recorde de íris Rezende, se tornando o governador de Goiás eleito com a maior votação desde a redemocratização. Com certeza, essa seria a maior reviravolta em uma campanha eleitoral que Goiás já viu.
Alysson Assunção
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