O texto proporcionou uma reflexão muito interessante, bela e profunda de Maria Cláudia e alguns e-mail’s. A maioria, digamos, no mesmo tom... crítico.
Inspirado naquelas críticas, resolvi manter a linha de reflexão, tendo como pano de fundo o mesmo texto de Galeano (sem a necessidade de reescrevê-lo), mas provocando o olhar não mais em Mônica Baltodano, mas no Coronel, a “hombridade de calças compridas”.
Senão vejamos... o que faz os homens (e não vou caracterizá-los-nos, ok?) verem as mulheres? Toda aquele multifacetado caleidoscópio humano que minha companheira de blog explorou? Ou minhas menores referências? Ou o conjunto disso tudo?
O que poderia ter dito o coronel, depois que se entregou? Que seu pelotão “acovardou-se” diante dos rebeldes sandinistas? Que seus soldados abandonaram as armas enquanto ele, firme em seu posto militar, mantinha sua hombridade da taberna? Que se entregou, mas não sem cuspir na face dA Comandante Sandinista, num sinal de desprezo aos ideais de luta daqueles vermelhos que não tem capacidade de ter HOMENS no comando?
Tentemos ver pelo NOSSO olhar de comandante (difícil): Qual imagem nos parece mais possível? A quem, na verdade, os olhos e sentidos do coronel admirariam? Desafiaria-o a demonstrar sua justiça e equilíbrio, seu carinho e sua força, sua sinceridade e sua malícia e, tenho quase certeza, não veríamos outra coisa senão uma “hombridade de calças compridas”.
Não quero aqui, de maneira nenhuma, fatiar a parte masculina da humanidade (e um dia uma amiga me perguntou: por que HUMANidade? Por que não MULHERAnidade?), mas ousar apresentar um olhar do mundo, aquele em que todos nós ainda bebemos nos uníssonos valores machistas, os mesmos que produzem princesas e heróis... e que também produzem coronéis. Não se trata de multifacetar homens e/ou mulheres, mas de multifacetar nossos valores, esses sim vestidos e escondidos sob alguma forma de “calça comprida” e que muitas vezes se mostram com outras vestimentas.
Os olhos do coronel, sua fala travestida de liderança “não me rendo a uma mulher”, sua possível postura de frente da tropa é, no final das contas, apenas uma explícita exposição dos valores da nossa sociedade e é nela e, principalmente, na minha luta coletiva contra a matriz destes valores, que trato minhas paixões, meus sentimentos e minha escolha por um travesseiro, tão bem cantada por Nascimento...
“Sustenta a palavra d’homem, que eu mantenho a de mulher”
(Milton Nascimento)
Vida Longa...
Obs.: Recadinho de sempre, ok? Se for usar o texto, lembra de mim... e se for cantar Milton Nascimento também...