Em entrevista, Léo Razuk, um dos sócios da Monstro Discos, fala da história do selo, dos festivais e sobre o que o público pode esperar da 12° edição do Goiânia Noise.
A Monstro Discos surgiu no início de 1998. Léo Bigode e Márcio Jr. tinham uma sociedade em uma loja de discos que estava perto da falência. Então, juntos, decidiram criar um selo independente, a Monstro Discos. O selo divulgaria o trabalho das bandas no festival que eles também administravam, o Goiânia Noise, que reúne bandas independentes de todo o Brasil.
Léo Bigode sabia como administrar a Monstro, sabia como produzir os discos, mas não sabia fazer shows. Paralelamente a este projeto, Fabrício Nobre, vocalista da banda MQN (Melhor Que Nada), tentava manter a sua Me and My Monkey Records de pé. Ao contrário de Léo, Fabrício não sabia produzir um bom disco, mas de shows o rapaz entendia bem. “Ele mesmo chegou à conclusão que o negócio não era fazer disco, que ele não tinha a manha de fazer disco, mas tinha a manha de fazer show.”, diz Razuk. Foi aí que Fabrício decidiu criar o Bananada (festival de bandas independentes, semelhante ao Noise). “Quando o Fabrício criou o Bananada ele foi muito influenciado pelo Goiânia Noise e pela própria Monstro. Ele era público, consumidor do Noise e então ele resolveu criar o dele, sair da cadeira e criar alguma coisa.”
Léo produzia bons discos. Fabrício produzia bons shows. Dessa união feliz nasceu o “protótipo” do que a Monstro Discos é hoje. Para completar essa promissora união, o jornalista Léo Razuk, que já estava trabalhando com a Monstros, decidiu entrar na sociedade. O primeiro trabalho dos quatro como sócios foi a produção do show do Mudhoney, uma das bandas de garagem nascidas em Seattle. O trabalho e a união dos “quatro monstros” começaram a dar resultados. “Ele (Fabrício) começou a dar um profissionalismo maior nos shows, de qualidade de equipamentos para as bandas tocarem, de buscar locais que fossem mais adequados para as bandas se apresentarem, aí eu acho que o negócio começou a andar.”
A Monstro Discos começou a ter visibilidade no Brasil inteiro devido à qualidade dos cds, das bandas e dos festivais. Foi aí que decidiram fazer parceria com outros selos independentes, entre eles a Tratore, de São Paulo, que cuida da distribuição dos discos da Monstro pelo Brasil. “Fizemos essa parceria com esses selos com o objetivo de unir nossas forças e poder contar com a ajuda logística da Tratore. A grande dificuldade dos selos independentes é a distribuição dos produtos.”
Há, também, outras dificuldades tão grandes quanto a de distribuição. A rentabilidade dos selos independentes é muito pequena. No caso da Monstro, o retorno é maior e mais rápido com os festivais, principalmente se eles tiverem apoio e patrocínio. Mas, infelizmente, isso nem sempre acontece: “Na maioria das edições dos festivais a gente depende quase totalmente da bilheteria.”
A filosofia da Monstros é a do “faça você mesmo” e com essa idéia na cabeça, vontade, dedicação e um pouco de loucura, os quatros sócios correm atrás dos objetivos e conseguem mostrar que Goiânia, apesar da fama de sertanejo-brega, é também a terra do rock’n’roll alternativo.
Esse ano o Goiânia Noise completa 12 anos! Considerado a maior festa do rock independente brasileiro, o festival acontece entre os dias 24 e 26 de novembro e vai reunir 33 bandas em três grandes noites de rock! Serão shows com bandas consagradas como Los Hermanos, Matanza, Nação Zumbi, Ratos de Porão, Mundo Livre S/A, MQN, Valentina, Pata de Elefante, Prot(o), Violins, Mechanics, e outras 22 bandas dos mais diferentes lugares e estilos.
A novidade esse ano é o espaço onde acontecerá o festival: o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Antes realizado em locais como Centro Cultural Martim Cererê e Jóquei Clube de Goiânia, o Goiânia Noise parte para uma estrutura cada vez mais ampla e melhor. O espaço recém – inaugurado é amplo, confortável e seguro, com ótima estrutura de som e iluminação. O novo centro cultural da cidade tem agradado o público com vantagens, como por exemplo, área 100 % coberta, ar condicionado e estacionamento fechado com capacidade para 350 carros.
Segundo Fabrício, o festival é o resultado de um semestre de esforço, para trazer a Goiânia bandas clássicas da cena underground brasileira, novidades que ainda não tocaram em nenhum festival independente do país e o melhor da cena local. As grandes atrações são Los Hermanos, que fecha a primeira noite de shows, Nação Zumbi, que encerra a segunda noite e Ratos de Porão, para finalizar o último dia! Haverá, também, como já é de costume, praça de alimentação e stands de vendas de produtos ligados à cultura rock.
O preço dos ingressos está a R$ 20, 00 por dia e R$ 50, 00 o passaporte para os três dias de festival, à venda na Tribo do Açaí, Ambiente Skate Shop, Hocus Pocus ou na Monstro Discos. Quem se interessar pelo passaporte deve correr, pois só foram postos 300 passaportes à venda!
Camila Pessoa e Carollyne Almeida.
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