“Todo estado de alma é uma paisagem. Isto é, todo estado de alma é não só representável por uma paisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. [...]
Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior e do nosso espírito, e sendo o nosso espírito uma paisagem, temos ao mesmo tempo consciência de suas paisagens. [...]
De maneira que a arte que queira representar bem a realidade terá de dar através duma representação simultânea da paisagem interior e da paisagem exterior. Tem de ser duas paisagens, mas pode ser – não se querendo admitir que um estado de alma é uma paisagem – que se queira simplesmente interseccionar um estado de alma (puro e simples sentimento) com a paisagem exterior. [...]”.
(Fernando Pessoa)
A ausência das nuvens
Dias ensolarados nos lembram felicidade
Ou sono, que ao sol coube dissipar e não pode.
Dias nublados nos lembram dias nublados...
Mas no dia nublado de hoje
Eu lembrei da felicidade.
Esse descompromisso compromissado em sorrir por instantes.
Um desleixo preocupado em ouvir a dor do outro
E esquecer-se das próprias fadigas cotidianas.
No dia nublado de hoje eu lembrei de você
E tive seu rosto frente aos meus olhos
Suas mãos postas sobre minha força contida
E toda sua inconstância esmiuçada na minha amargura de viver
Com a sensação do tempo pela metade.
E lembrava daquele momento na brisa da tarde
De um dia nublado que nasceu ensolarado.
E de sua dor que já é minha.
Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior e do nosso espírito, e sendo o nosso espírito uma paisagem, temos ao mesmo tempo consciência de suas paisagens. [...]
De maneira que a arte que queira representar bem a realidade terá de dar através duma representação simultânea da paisagem interior e da paisagem exterior. Tem de ser duas paisagens, mas pode ser – não se querendo admitir que um estado de alma é uma paisagem – que se queira simplesmente interseccionar um estado de alma (puro e simples sentimento) com a paisagem exterior. [...]”.
(Fernando Pessoa)
A ausência das nuvens
Dias ensolarados nos lembram felicidade
Ou sono, que ao sol coube dissipar e não pode.
Dias nublados nos lembram dias nublados...
Mas no dia nublado de hoje
Eu lembrei da felicidade.
Esse descompromisso compromissado em sorrir por instantes.
Um desleixo preocupado em ouvir a dor do outro
E esquecer-se das próprias fadigas cotidianas.
No dia nublado de hoje eu lembrei de você
E tive seu rosto frente aos meus olhos
Suas mãos postas sobre minha força contida
E toda sua inconstância esmiuçada na minha amargura de viver
Com a sensação do tempo pela metade.
E lembrava daquele momento na brisa da tarde
De um dia nublado que nasceu ensolarado.
E de sua dor que já é minha.
Maria Clara Dunck
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2 comentários:
"de sua dor que já é minha"
Ah, companheira...
E quem nos acompanha quando "a malvada da
Ah, companheira...
E quem nos acompanha quando "a morte chegar"?
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