Este é o título de uma das comunidades do orkut que falam das milhares de pessoas choronas nos finais de filmes comoventes.
Feriado longo e a falta de dinheiro. Estes foram os motivos para que eu fizesse um programa barato e que desse prazer! Assistir filmes. Mas um problema surgiu na locação. Será que na Cine Marista teria algum filme que consolasse o fato de eu não ter saído de casa no feriado? Consegui alguns nomes bons: 21 gramas, Menina de Ouro, Diários de Motocicleta, O Declínio do Império Americano e Invasões Bárbaras. Eu teria quatro dias para assisti-los, afinal, na quarta-feira havia gastado quase todo meu dinheiro com algumas cervejas, na companhia boa dos amigos.
Comecei no dia seguinte com Diários de Motocicleta. Um bom filme. Porém, à noite, não resisti ao convite de beber, com os mesmos amigos, algumas bohemias. No bizarro boteco, convidei uma amiga para dormir na minha casa, para que no dia seguinte pudéssemos assistir a algum dos filmes. Ela topou o convite.
Acordamos às dez horas dispostas a ver Menina de Ouro. O filme rolava. Nós duas ficamos, de alguma forma, presas às lutas de Box, à luta da personagem principal para ser alguém na vida e em tantos outros dramas emocionais!
Quando o Lisandro - nosso professor de cinema - falava incansavelmente sobre a tal da identificação entre personagem e espectador no filme hollywoodiano, eu não me imaginava tão suscetível ao conceito. Nas suas aulas, eu sempre dizia: “Ah...Já sei que tudo que vejo foi pensado pra me atingir, então eu não choro no final desses filmes!”
A Pessoa e eu “quebramos a cara” com essa história. O filme de Eastwood nos colocou ao lado de Magg, a personagem principal. Fomos capazes de parar o dvd quando o nariz da moça é quebrado no meio da luta. Minha amiga, que tem horror a sangue, mesmo tendo consciência de que aquele líquido vermelho nem fosse sangue mesmo, quase passou mal. Mas quando digo “quase” é porque, de fato, começamos a gritar ao ver a cara da personagem esmurrada brutalmente.
A experiência de se colocar junto às cenas ficou muito clara nesse dia. O dono da academia era ressentido. Sim, ele era! Nós duas víamos, nas centenas de cartas devolvidas que ele enviava à filha, um dos motivos para isso. Quer dizer, passamos a justificá-lo enquanto carrancudo. Ou então, passamos a dizer: “que mulher bruta essa Magg”, ao vê-la nocautear tantas lutadores e sempre no primeiro round!
Mas, a propósito, o que é se identificar com um personagem? Ou conseguir botar o espectador dentro de um filme? Eu pensava que tinha a resposta... Bem, o Edgar Morin diria que “a identificação constitui a alma do cinema”. Eu diria que a minha (ou a nossa) participação afetiva, embriagante, em Menina de Ouro, há muito não acontecia, afinal de contas, as aulas de cinema me diziam que espectadores “normais” é que tem um olhar domesticado e blá blá blá. Ou seja, se estudantes de jornalismo, por exemplo, sabem que tudo é feito sob medida para o espectador, não existe um motivo lógico para que a gente caia nesse “apelo emocional” das indústrias de cinema hollywoodiano. “Então, onde você está, Maraísa?” – indagou a minha afetividade.
Vi que eu estava ao lado das pessoas comuns que vão ao cinema – com a sorte de ver um Menina de Ouro, por exemplo. Tudo isso, porque, não deixamos de ser menos humanos quando a racionalidade dos estudos nos invade a cabeça. Não deixamos de nos compadecer ou de nos identificar, exatamente porque somos constituídos de algum amor. Perdido em nossa alma, confesso! Mas bons diretores, como Eastwood, podem botar à tona um restinho de emoção que camuflamos frente à dureza do aqui e agora. Ah...Outra lição: mesmo que hollywoodianos, alguns filmes devem ser pacientemente assistidos. Nem que seja pra que possamos constatar que a identificação teve sucesso conosco, meros mortais.
E o feriado continuou com mais filmes...
Feriado longo e a falta de dinheiro. Estes foram os motivos para que eu fizesse um programa barato e que desse prazer! Assistir filmes. Mas um problema surgiu na locação. Será que na Cine Marista teria algum filme que consolasse o fato de eu não ter saído de casa no feriado? Consegui alguns nomes bons: 21 gramas, Menina de Ouro, Diários de Motocicleta, O Declínio do Império Americano e Invasões Bárbaras. Eu teria quatro dias para assisti-los, afinal, na quarta-feira havia gastado quase todo meu dinheiro com algumas cervejas, na companhia boa dos amigos.
Comecei no dia seguinte com Diários de Motocicleta. Um bom filme. Porém, à noite, não resisti ao convite de beber, com os mesmos amigos, algumas bohemias. No bizarro boteco, convidei uma amiga para dormir na minha casa, para que no dia seguinte pudéssemos assistir a algum dos filmes. Ela topou o convite.
Acordamos às dez horas dispostas a ver Menina de Ouro. O filme rolava. Nós duas ficamos, de alguma forma, presas às lutas de Box, à luta da personagem principal para ser alguém na vida e em tantos outros dramas emocionais!
Quando o Lisandro - nosso professor de cinema - falava incansavelmente sobre a tal da identificação entre personagem e espectador no filme hollywoodiano, eu não me imaginava tão suscetível ao conceito. Nas suas aulas, eu sempre dizia: “Ah...Já sei que tudo que vejo foi pensado pra me atingir, então eu não choro no final desses filmes!”
A Pessoa e eu “quebramos a cara” com essa história. O filme de Eastwood nos colocou ao lado de Magg, a personagem principal. Fomos capazes de parar o dvd quando o nariz da moça é quebrado no meio da luta. Minha amiga, que tem horror a sangue, mesmo tendo consciência de que aquele líquido vermelho nem fosse sangue mesmo, quase passou mal. Mas quando digo “quase” é porque, de fato, começamos a gritar ao ver a cara da personagem esmurrada brutalmente.
A experiência de se colocar junto às cenas ficou muito clara nesse dia. O dono da academia era ressentido. Sim, ele era! Nós duas víamos, nas centenas de cartas devolvidas que ele enviava à filha, um dos motivos para isso. Quer dizer, passamos a justificá-lo enquanto carrancudo. Ou então, passamos a dizer: “que mulher bruta essa Magg”, ao vê-la nocautear tantas lutadores e sempre no primeiro round!
Mas, a propósito, o que é se identificar com um personagem? Ou conseguir botar o espectador dentro de um filme? Eu pensava que tinha a resposta... Bem, o Edgar Morin diria que “a identificação constitui a alma do cinema”. Eu diria que a minha (ou a nossa) participação afetiva, embriagante, em Menina de Ouro, há muito não acontecia, afinal de contas, as aulas de cinema me diziam que espectadores “normais” é que tem um olhar domesticado e blá blá blá. Ou seja, se estudantes de jornalismo, por exemplo, sabem que tudo é feito sob medida para o espectador, não existe um motivo lógico para que a gente caia nesse “apelo emocional” das indústrias de cinema hollywoodiano. “Então, onde você está, Maraísa?” – indagou a minha afetividade.
Vi que eu estava ao lado das pessoas comuns que vão ao cinema – com a sorte de ver um Menina de Ouro, por exemplo. Tudo isso, porque, não deixamos de ser menos humanos quando a racionalidade dos estudos nos invade a cabeça. Não deixamos de nos compadecer ou de nos identificar, exatamente porque somos constituídos de algum amor. Perdido em nossa alma, confesso! Mas bons diretores, como Eastwood, podem botar à tona um restinho de emoção que camuflamos frente à dureza do aqui e agora. Ah...Outra lição: mesmo que hollywoodianos, alguns filmes devem ser pacientemente assistidos. Nem que seja pra que possamos constatar que a identificação teve sucesso conosco, meros mortais.
E o feriado continuou com mais filmes...
Maraísa Lima.
Copyright Arca Mundo. Todos os direitos reservados.
Por coincidência, eu tava pensando nesse filme hoje e hoje eu leio esse post no blog. De repente, depois de mais de um ano que vi Menina de Ouro, me veio à cabeça a lembrança daquela garota buscando uma chance na vida. E vencendo, ainda que tardiamente, já aos 32 anos, quando ninguém mais acreditava. E arranjando com isso, também, uma nova chance pra o Frank, um cara marcado profundamente pela culpa. E aí aquele final triste, como diz você... Pois é, também chorei naquele final triste e verdadeiro.
ResponderEliminar;-)
Marco