Não tem p’ra onde... depois das festas de Natal, da celebração do nascimento de Jesus (há quem diga que ele, na verdade, nasceu entre março e abril), de tudo aquilo que em recentes visitas já foi dito neste arcamundo, chegamos na virada de ano, fogos, festas aqui e ali, shows etc. Eu mesmo fiquei entre 23:00 e meia-noite e alguma coisa, ligando para algumas pessoas e desejar “Feliz Ano Novo”... Do meu jeito, mas desejava.
Mas, lembrei-me de um texto que escrevi a cerca de dois anos, neste mesmo momento, e que havia enviado para alguns amigos e amigas, pessoas com a qual gostaria de passar bons momentos de paz, alegria, reflexões, análises...
Na véspera, ontem (dia 31), depois de trabalhar até por volta das oito horas da noite, fiquei um pouco na Explanada, vendo o movimento das pessoas chegando, uma senhora que dizia que “não tenho onde morar não senhor” me pedia uma ajuda; um outro, com jeito de quem anda, anda, anda e que tinha uma história de compositor que foi assaltado; o vendedor da cerveja que falava das pessoas que conheceu, estando sempre naquele local, entre os Blocos C e D da Explanada... Não pude mesmo deixar de recordar daquele texto e de meus sinceros desejos de “próspero ano novo”.
O ano que vingará (2008) é, no meu ponto de vista, a continuidade. Nada irá "começar"... Mesmo aquilo que nos pareça "novo", não o será, pois se assim o fosse significaria uma maneira estanque de ver a vida, tanto nossa quanto destes com a qual cruzei seus caminhos no dia 31. Aliás, continua me parecendo uma data cristão-ocidental-romana-consumista que, como muitas coisas na vida contemporânea, servem para ratificar as relações de poder e de força em nossa sociedade.
Mas, por outro lado (lá vou eu de novo), é uma data que também precisa ser apropriada pela classe social em necessidade de (auto)organização ou profundamente organizada, quer em terras brasilis, quer em outras partes deste mundo; quer no campo (mais organizada), quer na cidade. Assim foram e são datas que entraram no nosso imaginário como representação de uma coisa imutável. O "07 de setembro" que também é o dia do "Grito dos Excluídos" ou o "1º de maio", que a ditadura e a elite brasileira quiseram transformar em "Dia do Trabalho", enquanto a classe trabalhadora transformava em um dia de "celebrar" a luta e reconhecer O Trabalhador.
E as datas "apagadas" da memória do nosso povo? O 1º de janeiro pode-nos ser, também, o 53º aniversário da criação da primeira Liga Camponesa (Vitória de Santo Antão - 1955); ou o dia em que Rebeldes tomaram Havana, no triunfo da Revolução Cubana de 1959; ou, também, o dia do Levante Popular organizado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (Chiapas/México - 1994); e que tal comemorarmos a Independência Negra do povo Haitiano, em 1804?... Quantos "1º de janeiro" que nossa memória "deixa escapar" porque é apenas o dia do "próspero ano novo"...?!
Que o dia 1º de janeiro se torne um dia de celebrar a continuidade da luta e a memória presente de todas as lutas e daqueles que tombaram e ainda tombam nela, por ela... a Luta. A continuidade do nosso sonho por uma sociedade justa, igual e verdadeiramente socialista. Por isso a tenho também como um dia de renovar energias, assim como procuro fazê-lo a cada tombo, a cada (muitas) rasteira e a cada "re-erguer-se". E, particularmente, nesse 1º de janeiro, estando mais uma vez longe da família e ainda "tirando a poeira do corpo", gostaria de desejar-lhe:
Próspera Revolução Cubana – que sua história, sua permanente presença e resistência ao Imperialismo nos inspire sempre;
Próspera Independência Haitiana – que a história deste povo sofrido, que, nos fatos e notícias que nos sonegam, continua resistindo e lutando por sua soberania e que a luta pela soberania dos povos nos inspire a cada dia que teremos à nossa frente, independente de outros tantos "próspero ano novo"s;
Próspero Levante Popular Zapatista - que a luta do EZLN continue a nos ensinar sobre as chagas do mundo e do imperialismo, no sentido de continuarmos a limpar nossa visão, de abrirem nossos "olhos de verem";
Próspera Liga Camponesa – que a história de lutadores e lutadoras do povo que lutaram e continuam lutando e formando novos e novos lutadores siga o caminho de nossos corações e ideais.
E que sempre possamos lembrar que as lições continuam a ser dadas a cada dia, a cada momento em que a soberania de um povo é defendida pelo povo.
Vida Longa à nossa luta por uma Pátria Livre... por uma América Livre... por um Mundo Livre!
Ainda que tombem nossos lutadores, não tombará jamais nossa luta.
Felicidades e abraço a todos e todas.
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira
PS.: como disse anteriormente, no convite ao último artigo, meu inxirimento não me fez respeitar a data que eu mesmo escolhi para contribuir e aprender no arcamundo. Mesmo assim, ainda que considerando que parte do que escrevi é história, não tendo eu direitos autorais sobre ela, comentando por aí alguma destas palavras aqui descritas, não deixe de citar-me, ta?
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