terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Rio de Janeiro continua lindo...(II)


''O Rio de Janeiro continua lindo,

O Rio de Janeiro, fevereiro e março...''







Esta viagem ao Rio trouxe muitas reflexões, esclarecimentos e novas sensações. Uma em especial me ocorreu compartilhar aqui. Sexta-feira tomei um taxi de Botafogo para a PUC. O motorista, algo atrapalhado, era do tipo conversador. Perguntei, curiosa: ' o senhor gosta de trabalhar na praça?' Ele prontamente respondeu que sim, e passou a elencar todas as excelentes razões para adorar o trabalho, todas as vantagens de morar na cidade maravilhosa. Parecia um homem feliz.


No dia que vim embora, novamente tomei táxi. Desta feita de Botafogo para o aeroporto do Galeão. Chovia, chovia aquela chuva fina, chata, o tempo estava fechado, mal se enxergava a baía. O motorista era do tipo caladão. Resolvi fazer um teste e repeti a pergunta 'o senhor gosta de trabalhar na praça?' Do Aterro ao aeroporto escutei atentamente a lista de razões pelas quais não valia a pena ser taxista no Rio de Janeiro. Desde a violência, até as condições climáticas que se lhe apresentavam naquele momento.


Não pude deixar de pensar quão curioso é o ser humano. Duas pessoas, uma mesma cidade, uma mesma profissão. Dois olhares distintos, dois olhares antagônicos. Qual deles teria razão? Qual deles estaria certo? Finalmente, a pergunta que não quer calar: o que é certo?


Nâo é questão de certo ou errado. A diferença reside na forma como vemos o mundo. Não foi difícil perceber que a vida daquelas duas pessoas, daqueles dois cidadãos residentes no Rio de Janeiro era exatamente o reflexo da forma como eles vêem o mundo. Busquei na memória, revirei os arquivos em busca da resposta à dúvida: eu sou o primeiro motorista ou sou tipo o segundo? Como tenho me colocando diante dos desafios da vida?


Termino sem concluir, ainda cheia de dúvidas, muitas perguntas sem resposta.



''Ah! minha vida é muito boa aqui no Rio, não troco isso aqui não.'' (Primeiro motorista)


'' Ihhhhhhh, Dona. Isso aqui é uma loucura. A praça já foi boa, antes de eu começar a ser taxista era ótimo. Agora a concorrência é enorme, tem a violência e esse trânsito que não anda. Ainda mais em dia de chuva...'' ( Segundo motorista)







Maria Cláudia Cabral

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